No dia em que foram revelados os resultados da avaliação do Plano de Valorização do Interior, a AJAP voltou a sublinhar a urgência de revitalizar os territórios rurais, onde o despovoamento e o abandono económico se acentuam. Para a associação, o futuro do Interior depende de medidas imediatas, como a ativação do Jovem Empresário Rural e a implementação de políticas mais ambiciosas e integradas.
A apresentação do estudo sobre a implementação e impacto do Plano de Valorização do Interior (PVI), realizada em Vila de Rei, no dia 14 de novembro, voltou a trazer para o centro do debate a necessidade de políticas mais eficazes para os territórios rurais de baixa densidade. A AJAP - Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, que acompanhou a sessão promovida pela AD&C - Agência para o Desenvolvimento e Coesão, reafirmou que a revitalização destes territórios continua a ser uma urgência nacional, exigindo respostas que tardam em chegar.
O estudo agora divulgado traça um retrato claro: apesar das iniciativas desenvolvidas ao abrigo do PVI, persistem fragilidades estruturais profundas que ameaçam a sustentabilidade social, económica e demográfica de vastas zonas do país. A AJAP sublinha que muitas das medidas previstas continuam por concretizar, destacando-se a falta de um sistema robusto de monitorização, lacunas no modelo de governação e a excessiva amplitude territorial do plano, que dilui o foco necessário para agir sobre áreas realmente afetadas pela desertificação.
Durante o evento, o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Hélder Reis, e o secretário de Estado das Autarquias Locais, Silvério Regalado, reforçaram a mensagem de que o Interior é estratégico para o futuro de Portugal, defendendo políticas mais eficazes na fixação de população, no rejuvenescimento dos territórios e na valorização dos recursos endógenos. Contudo, para a AJAP, estas intenções continuam a esbarrar na falta de ações concretas, especialmente no que diz respeito à operacionalização do JER - Jovem Empresário Rural.
JER: uma promessa ainda por cumprir
Criado em 2019 através do Decreto-Lei n.º 9/2019, o Estatuto do Jovem Empresário Rural foi concebido para incentivar o empreendedorismo rural e atrair jovens para a criação de empresas em territórios de baixa densidade. Porém, seis anos após a sua publicação, o JER permanece sem execução prática.
A AJAP considera esta inércia particularmente grave, tendo em conta o estado avançado do envelhecimento populacional, a redução da atividade económica e o crescente abandono das zonas rurais. A associação alerta que a necessidade de ativar o JER ‘triplicou’ e que o PVI, nas suas conclusões, confirma a urgência de medidas efetivas.
Pacto 'Inovação Portugal Rural': uma estratégia integrada
A AJAP tem procurado mobilizar entidades públicas, organizações empresariais, estruturas juvenis, CCDR, CIM e municípios para a construção de um pacto robusto de desenvolvimento dos territórios rurais: o Pacto 'Inovação Portugal Rural'. Esta iniciativa, em vias de subscrição pública, pretende definir uma estratégia integrada para reverter a tendência de despovoamento, valorizar o talento local, atrair novos residentes e criar condições para o empreendedorismo.
Este pacto pretende ainda reforçar a identidade rural e capacitar a juventude, posicionando a inovação como elemento central da revitalização dos territórios.
Rural Innovation Challenges: aproximar os jovens do Interior
Associado à Gala AJAP-Portugal Winners, realizada a 5 de novembro, no Casino Estoril, a associação lançou o Rural Innovation Challenges. A iniciativa procura aproximar os jovens das potencialidades do território rural português, promovendo sessões informativas em escolas, universidades e municípios de norte a sul do país.
Com o apoio da Caja Rural del Sur e da Agrimútuo - Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo, o programa irá atribuir 12 prémios distribuídos por quatro categorias: Jovem Agricultor, Jovem Empresário Rural, Jovem Talento AgroRural e Academia Rural.
O objetivo é dar visibilidade a projetos inovadores e incentivar a criação de novas soluções para os desafios dos territórios rurais.
Um futuro que exige ação imediata
A AJAP conclui que o PVI representa um passo relevante, mas ainda insuficiente, para travar a profunda regressão dos territórios rurais portugueses. As conclusões do estudo reforçam a tese há muito defendida pela associação: sem medidas concretas, focadas e devidamente monitorizadas, o Interior continuará a enfrentar desertificação, perda de população e abandono económico.
A associação compromete-se a continuar a acompanhar ativamente o processo político e a defender estratégias que valorizem os jovens, o empreendedorismo, a inovação e a coesão territorial - pilares que considera decisivos para garantir um futuro sustentável para o Interior de Portugal.