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Informação profissional para a agricultura portuguesa
Fórum ACAP 2025

O futuro da mecanização agrícola: inovação, investigação e robotização

Gabriela Costa07/10/2025
“A mudança é o único driver que os [produtores agrícolas] precisam de ter” - Nadim Bou-habib
“A iliteracia digital e os custos de investimento continuam a ser barreiras” – Filipe Neves dos Santos

Inovação, investigação e robotização são as palavras de ordem na modernização da mecanização agrícola, e estiveram em foco no recente fórum promovido pela ACAP. A Agriterra assistiu ao debate e apresenta-lhe, nesta reportagem, o essencial de uma reflexão que marcou o primeiro dia da Agroglobal 2025.

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A ACAP – Associação Automóvel de Portugal, através da sua Divisão de Máquinas Agrícolas, realizou a 9 de setembro, primeiro dia da Agroglobal 2025, o Fórum ‘O Futuro da Mecanização Agrícola: Estratégias para um Setor em Transformação’.

O evento reuniu no CNEMA, em Santarém, oradores de referência para discutir temas como liderança, pós-venda, ensino, investigação, automatização e robotização na agricultura.

Esgotando a lotação disponível do Auditório Companhia das Lezírias (150 participantes) o Fórum ACAP reuniu, na presença do Ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes, e dos diversos especialistas que analisaram os atuais desafios da mecanização agrícola e apresentaram propostas para a modernização do setor, uma plateia de dezenas de profissionais ligados à distribuição e revenda de máquinas agrícolas, investigadores e decisores políticos. A organização confirmou o evento como “um espaço incontornável de debate sobre os desafios e oportunidades” do setor.

Nadim Bou-habib, professor auxiliar convidado da Nova School of Business & Economics

Nadim Bou-habib, professor auxiliar convidado da Nova School of Business & Economics.

O poder da liderança invisível

A modernização agrícola em Portugal passa pela maquinaria inovadora e tecnologia de ponta aplicada à agricultura. Num contexto de profundas mudanças tecnológicas, económicas e ambientais, o Fórum ACAP constituiu uma oportunidade única para uma reflexão estratégica e partilha de conhecimento e de soluções que assegurem a modernização e a competitividade do setor.

Na sessão de abertura, Pedro Miguel Silva, vogal do Conselho Diretivo do IMT, destacou a relevância da mecanização agrícola como motor de eficiência e competitividade, sublinhando a necessidade de políticas que apoiem a transição tecnológica.

Numa intervenção inspiradora, Nadim Bou-habib, professor auxiliar convidado da Nova School of Business & Economics e especialista em estratégia e empreendedorismo, abordou ‘A liderança nas organizações’, centrando-se na gestão estratégica na agricultura para defender a relevância de líderes capazes de guiar o setor perante os desafios da digitalização e da sustentabilidade.

Segundo Nadim Bou-habib, com a transformação tecnológica os pequenos produtores ganham finalmente vantagem competitiva face aos grandes, e ambos devem ter presente que “a mudança é o único driver que precisam de ter”. Infelizmente, e apesar da rápida evolução do setor, “continua-se a organizar a gestão como se nada tivesse mudado”, lamenta. Recordando que em programas tão reputados como o TEDx “75% das conferências são sobre liderança, o docente garantiu que, “a médio e longo prazo qualquer gestor põe em causa a sua liderança”, e percebe que esta “requer experiência, o que demora tempo”. Em conclusão, saber liderar “é complicado, mas não é difícil, emocionalmente. A título de exemplo, Nadim Bou-habib afirmou que a mudança está em questionar “o que tenho de fazer para evitar o fogo?”, ao invés de pensar em “como apagar o fogo?”.

Para o especialista os gestores são mais felizes “quando sentem que controlam a sua vida” (e o seu negócio, diríamos) e se praticassem esse controlo talvez não se registasse em Portugal “a taxa de ansiedade altíssima” que se regista. Citando Ernest Hemingway, Bou-habib concluiu a sua intervenção brilhante apelando à prática diária da mudança nas empresas, a que chamou “liderança invisível”.

Filipe Neves dos Santos, professor e investigador do INESC TEC
Filipe Neves dos Santos, professor e investigador do INESC TEC.

As barreiras da robotização

Dário Afonso, managing director da ACM – AutoCoach Management, introduziu no debate sobre mecanização agrícola um dos maiores desafios do setor: o pós-venda. Com o tema ‘Pós-venda 4.0: novo ecossistema, novo modelo de negócio, nova mentalidade’, o responsável destacou a importância estratégica desta área na transformação do negócio, defendendo a criação de um novo paradigma de serviços, onde modelos de negócio mais ágeis e uma mentalidade inovadora sejam determinantes para responder às exigências de um setor em rápida transformação.

Numa abordagem académica, Luís Alcino da Conceição, professor associado do Instituto Politécnico de Portalegre (que marcou presença através da coordenação do InovTechAgro - Centro Nacional de Competências para a Inovação Tecnológica do Setor Agroflorestal), analisou os desafios da agricultura, destacando a importância do conhecimento e da investigação na mecanização agrícola. Sob o mote ‘Ensino e investigação em mecanização agrícola – alinhando competências à evolução tecnológica’, o investigador frisou a necessidade de alinhar competências técnicas com a evolução tecnológica, aproximando universidades, politécnicos e empresas.

Noutra das intervenções mais aguardadas da manhã de trabalhos, Filipe Neves dos Santos, professor e investigador do INESC TEC, refletiu sobre os riscos e oportunidades da ‘Automatização e robotização na agricultura’. O especialista destacou exemplos de inovação tecnológica já em curso (caso da combinação de drones com máquinas terrestes na polinização), evidenciando como a robotização pode ajudar a colmatar a escassez de mão-de-obra e a tornar a agricultura mais sustentável. Contudo, alertou: os drones aplicados à agricultura “desempenham ainda [e apenas], 20% da sua capacidade de trabalho”. Se assim não fosse, “conseguíamos fazer um registo florestal muito mais rápido”, por exemplo.

Paralelamente, o future farming depende da utilização de “tratores elétricos totalmente autónomos”, defendeu. Segundo Filipe Neves dos Santos, a adoção de máquinas autónomas e sistemas inteligentes já é uma realidade em várias culturas, mas “a iliteracia digital e os custos de investimento continuam a ser barreiras” de peso na transformação da agricultura em Portugal. Sublinhando que “os concessionários terão um papel chave na introdução destas tecnologias junto dos agricultores, funcionando como ‘tradutores de inovação’”, o investigador especializado em robótica e IoT (Internet das Coisas) para agricultura e floresta concluiu que “a evolução não está só adstrita ao académico, mas também ao agricultor”.

A sessão de encerramento contou com a presença de Arnaldo Caeiro, presidente da Divisão de Máquinas Agrícolas da ACAP, que reforçou o compromisso da associação em promover soluções inovadoras para o setor. Seguiu-se a intervenção do ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes, que frisou a relevância da produtividade, da sustentabilidade e da capacidade empreendedora num contexto de evolução da mecanização agrícola, concluindo que esta última “é fundamental para a resiliência do setor perante as alterações climáticas e para reforçar a competitividade de Portugal nos mercados internacionais”.

O evento culminou com um almoço de convívio, que proporcionou um momento privilegiado de networking entre empresários, investigadores, políticos e representantes institucionais do setor agrícola.

A revista Agriterra foi Media Partner do Fórum ACAP 2025 - 'Futuro da Mecanização Agrícola'.

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