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Melhorar a transparência e a rastreabilidade no primeiro quilómetro da cadeia de abastecimento

Nigel Allen, Marketing Manager 2D Codes, Domino Printing Sciences01/04/2025
Geralmente, quando as organizações falam de transparência na cadeia de abastecimento, centram-se no último quilómetro: o percurso do produto desde a "produção até ao garfo", com o intuito de reduzir a energia e o desperdício, otimizando ao mesmo tempo a eficiência e a flexibilidade na entrega final. No entanto, o primeiro quilómetro da cadeia de abastecimento – da "exploração agrícola à produção" – é igualmente importante.
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O primeiro quilómetro engloba tudo o que antecede a receção dos produtos para o fabrico de um produto final, incluindo o cultivo e a extração de matérias-primas. Pode ser um percurso longo, amplo em termos geográficos e complexo. Frequentemente, é também a parte mais desafiante de rastrear para as empresas. No entanto, criar transparência e rastreabilidade no primeiro quilómetro é crucial para melhorar a resiliência e a agilidade e garantir a conformidade regulamentar.

Um relatório de 2024 da Jabil e da Industry Week sugeriu que as organizações reconheceram a necessidade de tirar partido dos dados da cadeia de abastecimento, com 69% dos inquiridos a afirmarem que têm uma visibilidade limitada e que precisam de mais. Nesse sentido, Nigel Allen, Marketing Manager 2D Codes, da Domino Printing Sciences, considera alguns dos fatores por detrás da crescente importância da visibilidade do primeiro quilómetro e analisa a forma como os fabricantes podem implementar processos que ajudarão a melhorar a transparência e a rastreabilidade nesta parte essencial da cadeia de abastecimento.

O valor da visibilidade da cadeia de abastecimento de ponta a ponta

Possuir uma visibilidade completa e de ponta a ponta das cadeias de abastecimento desempenha um papel cada vez mais importante, ajudando a promover a resiliência num ambiente geopolítico e económico de incerteza. A visibilidade total da cadeia de abastecimento pode ajudar os fabricantes a responder de forma mais eficiente às mudanças da oferta e da procura, bem como a manter os níveis de stock (e preços) em alturas de perturbação. Pode também ajudar a aumentar a confiança dos consumidores e das partes interessadas nos compromissos ambientais de uma marca e ajudar a garantir a conformidade com regulamentos novos e futuros.

Um primeiro quilómetro bem gerido e transparente constitui a base para uma cadeia de abastecimento eficiente, segura, sustentável e em conformidade, de ponta a ponta, enquanto um primeiro quilómetro mal gerido pode ter o efeito contrário.

A falta de visibilidade no primeiro quilómetro pode significar que as empresas precisem de manter um excesso de inventário para lidar com mudanças inesperadas na procura. Além disso, uma empresa que não tenha uma visibilidade completa da origem exata dos diferentes lotes de matérias-primas e ingredientes pode correr o risco de uma recolha generalizada de produtos e dos danos de reputação associados, caso ocorra um problema a jusante.

Considerando que o foco na transparência da cadeia de abastecimento tem incidido geralmente no último quilómetro, assistimos atualmente a um aumento de novos regulamentos a exigirem que as marcas forneçam informações sobre o primeiro quilómetro das suas cadeias de abastecimento. Exemplos incluem a Lei de Modernização da Segurança Alimentar da FDA dos EUA, que visa prevenir doenças de origem alimentar, e o Regulamento de Desflorestação da UE (EUDR), que abrange todos os produtos ligados à desflorestação vendidos na Europa, incluindo madeira, café e gado. Nos próximos anos, espera-se igualmente a publicação de regulamentos em termos de relatórios ambientais, sociais e de governação (ESG), a exigir que as empresas trabalhem com os seus fornecedores para cumprirem os objetivos das zero emissões e certificarem os produtos. As sanções por incumprimento dos requisitos regulamentares podem ir desde multas pesadas a possíveis condenações penais.

A procura de transparência na cadeia de abastecimento por parte dos consumidores também está a aumentar. Um estudo de 2020 da Fashion Revolution sugere que 69% dos consumidores da UE querem saber como as suas roupas são fabricadas, enquanto um estudo de 2022 da Harris Poll, encomendado pela Google Cloud, concluiu que 66% dos compradores procuram ativamente marcas ecológicas, porém, 72% pensam que as empresas e as marcas exageram nos seus esforços de sustentabilidade.

Então, como é que os fabricantes podem adotar a rastreabilidade total da cadeia de abastecimento? Segundo um relatório da MHI de 2024, a visibilidade e a transparência são as principais tendências com impacto nas cadeias de abastecimento, e as empresas devem considerar dar prioridade ao investimento em tecnologia e à colaboração com os fornecedores como forma de melhorar a transparência.

Digitalização da cadeia de abastecimento

Historicamente, a adoção da rastreabilidade no primeiro quilómetro tem sido um desafio. Muitos fabricantes lidam com um elevado volume de fornecedores e manuseadores de matérias-primas de pequena escala em vários países e é provável que a gestão de dados seja prejudicada por processos manuais e suscetíveis de erros.

No entanto, as soluções tecnológicas centradas na transparência e na rastreabilidade evoluíram nos últimos anos. As ferramentas digitais, como as plataformas baseadas na nuvem, a inteligência artificial e a blockchain, permitem atualmente a monitorização em tempo real e o armazenamento seguro de dados para fornecer informações detalhadas e comprováveis sobre o percurso de um produto desde a origem até ao consumidor. As soluções potenciais incluem códigos de identificação únicos no produto para facilitar a rastreabilidade contínua e a partilha de dados digitais ao nível do lote, juntamente com ferramentas de análise e visualização de dados para gerir dados complexos, fornecer informações e ajudar a simplificar a tomada de decisões.

1. Rastrear o aprovisionamento de matérias-primas

O primeiro e mais importante passo é trabalhar com os fornecedores para implementar a manutenção de registos de rastreabilidade das matérias-primas. Tal inclui identificar as atuais lacunas nos relatórios e tomar medidas para garantir que todos os dados necessários são registados. É crucial saber quais os dados a recolher e como os obter. As empresas devem colaborar com os parceiros da cadeia de abastecimento, fornecer especificações exatas para as matérias-primas e implementar processos de manutenção de registos digitais para as compras.

2. Implementar a identificação ao nível do lote

Logo que as matérias-primas forem recebidas no ponto de fabrico, os dados dos fornecedores terão de ser associados ao produto acabado. A tecnologia de impressão de dados variáveis, que utiliza a mais recente tecnologia de códigos 2D, pode incluir informações específicas do lote, tais como números de lote, e torná-las acessíveis através de uma simples leitura. Tal significa que as matérias-primas incluídas em lotes específicos de produtos podem ser rastreadas até ao fornecedor original. Estas informações não só permitirão às marcas reforçar os seus compromissos ambientais para com os consumidores e outras partes interessadas, como também este tipo de dados granulares pode revelar-se muito valioso no caso de uma recolha de produtos, uma vez que o lote de produtos afetado e os fornecedores relacionados podem ser facilmente identificados.

3. Criar uma estratégia de integração de dados

Para alguns fabricantes, a simples ligação de um produto a um fornecedor de matérias-primas pode fornecer detalhes suficientes, mas existe potencial para fazer mais. As empresas devem ponderar criar uma estratégia de integração de dados e considerar como desenvolver ou adotar normas para a partilha de dados entre parceiros da cadeia de abastecimento, assim como adotar ferramentas que permitam a partilha e análise de dados.

4. Transformar dados em informações acionáveis

Equipadas com um fluxo robusto e fiável de dados dos produtos ao nível do lote, as marcas podem utilizar ferramentas de análise de dados para obterem informações valiosas sobre os produtos à medida que estes percorrem as cadeias de abastecimento e ligá-los ao primeiro quilómetro. A análise de dados vai implicar a comunicação entre vários sistemas, pelo que as empresas devem considerar sistemas de codificação e marcação que permitam a interconectividade entre equipamentos, utilizando os padrões da indústria para rastrear e registar dados em toda a cadeia de abastecimento.

5. Visualizar dados complexos e identificar tendências

Indo mais longe, os fabricantes podem utilizar uma gama cada vez maior de ferramentas de visualização avançadas para compreender melhor os dados sobre a cadeia de abastecimento. Os exemplos podem incluir painéis que mostrem a origem geográfica dos materiais e o fluxo de produtos desde o fornecedor de matérias-primas até ao revendedor final. Simplificar os dados desta forma pode ajudar a identificar ineficiências e/ou estrangulamentos e melhorar a tomada de decisões, no sentido de tornar as cadeias de abastecimento mais eficientes.

Conclusão: o primeiro quilómetro é a chave para uma cadeia de abastecimento mais eficiente

As empresas que se focam apenas na visibilidade do último quilómetro não podem esperar manter os níveis de agilidade, resiliência e conformidade exigidos atualmente.

Ao garantir que os produtos podem ser rápida e eficazmente associados à sua origem ou aos fornecedores de matérias-primas, os fabricantes podem constituir uma base para uma cadeia de abastecimento mais eficiente, segura e sustentável, de ponta a ponta, desde o primeiro quilómetro, passando pelas operações de fabrico e de armazenamento, e a jusante, à medida que os produtos passam pelos revendedores e chegam às mãos dos consumidores.

A digitalização da cadeia de abastecimento, através de soluções tecnológicas avançadas e de ferramentas digitais, pode fornecer informações detalhadas e comprováveis sobre toda a vida útil de um produto, no sentido de ajudar as organizações a gerir a procura, a simplificar a tomada de decisões, a melhorar a confiança dos consumidores e a garantir a conformidade.

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