Num ano complicado para a produção nacional de kiwi, a Kiwicoop e a Syngenta Biologicals apresentaram resultados promissores de um ensaio com soluções biológicas num pomar com 40 anos da variedade Hayward. O foco foi a melhoria do calibre, qualidade e sustentabilidade do fruto.
A cooperativa Kiwicoop realizou um dia de campo com os seus associados, em Oliveira do Bairro, para apresentar os resultados de um ensaio inovador realizado num pomar da variedade Hayward com 40 anos. A iniciativa, em parceria com a Syngenta Biologicals, testou produtos como MC Extra, Vitasêve e o biofungicida Taegro, com o objetivo de demonstrar o contributo das soluções Syngenta Biologicals para o calibre e a conservação dos frutos.
Sandra Rodrigues, responsável técnica da Kiwicoop, destacou que os frutos tratados apresentaram maior homogeneidade no calibre e resistência a doenças como a Botrytis e a Esca. Além disso, fertilizantes ricos em potássio e cálcio, aplicados ao longo do ciclo, garantiram maior teor de matéria seca nos frutos, essencial para a conservação e exportação para mercados exigentes como Canadá e Alemanha.
Este foi um ano difícil para ver os resultados dos produtos, porque as horas de frio foram poucas para as necessidades da cultura. Além disso o período foi muito longo e houve falta de sincronismo entre as plantas polinizadoras e fêmeas, explica a mesma responsável.
“O programa biológico demonstrou que é possível alinhar qualidade e sustentabilidade. Com a redução de resíduos, podemos atender mercados específicos que exigem alto rigor ambiental”, afirmou Sandra Rodrigues.
O programa de intervenções no pomar de kiwi iniciou-se quando 80% dos gomos das varas se encontravam na fase gomo algodão, com a aplicação de MC Extra, um fertilizante à base de algas Ascophyllum Nodosum e rico em potássio e micronutrientes, visando estimular o abrolhamento uniforme de rebentos frutíferos.
O produto Vitasève foi aplicado numa fase previa ao aumento de temperaturas, com objetivo de minorar a incidência de Esca, uma doença do lenho que afeta os pomares de kiwi, sobretudo os mais velhos.
O programa Syngenta Biologicals incluiu a aplicação do biofungicida Taegro para prevenir ataques de Botrytis e de Pseudomonas viridiflava na cultura do kiwi. “A parte do pomar não tratada tinha uma maior percentagem de pedúnculos sem fruto (afetados por botritis), que se traduziu em maior número de abortos florais, comparativamente à parte tratada com o biofungicida. O Taegro controlou o fungo e o número de frutos vingados foi aparentemente superior às linhas não tratadas”, garante a responsável do departamento técnico da Kiwicoop.
“Com os fertilizantes ricos em potássio e cálcio, como MC Extra, MC Set e MC Cream, aplicados ao longo de todo o ciclo da cultura, foi possível constatar nas análises pré-colheita a obtenção de frutos com teores de matéria seca mais elevados que se virá a traduzir num melhor potencial de conservação. A mais-valia destes produtos é que se consegue à primeira vista obter frutos de maior calibre e homogeneidade”, adianta Sandra Rodrigues.
Os resultados do ensaio serão avaliados aquando da calibragem da fruta, contabilizando-se a percentagem de frutos por calibre, por categoria e os seus parâmetros qualitativos (brix, dureza e matéria seca). O peso médio do fruto, em função do qual o produtor é remunerado, também será avaliado.
Apesar das condições adversas, que devem gerar uma quebra de 20-30% na produção deste ano em relação às oito mil toneladas do ano anterior, a Kiwicoop continua a investir em estratégias que alavancam a produtividade e a competitividade do kiwi português.
A Kiwicoop integra 325 produtores com um total de 700 hectares de pomares de kiwi de polpa verde e 100 hectares de kiwi de polpa amarela e vermelha.