CAP e ASAJA juntaram, em Cáceres, mais de 300 agricultores portugueses e espanhóis para debater o mundo rural e alertar para necessidade de os dois países concertarem posições na Europa. Em nome de uma agricultura ibérica mais forte.
O IV Congresso Ibérico Agropecuário, uma organização conjunta da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e da Associação Espanhola de Jovens Agricultores (ASAJA), juntou as principais personalidades do mundo rural português e espanhol, em Cáceres, Espanha.
Mais de 300 agricultores ibéricos afirmaram a importância de Portugal e Espanha, estreitarem relações e trabalharem colaborativamente no setor agrícola para definir estratégias conjuntas, conquistando uma voz mais audível em Bruxelas e maior impacto nas políticas comunitárias, à semelhança do que acontece noutras regiões da Europa, como nos países nórdicos e do Leste Europeu,
Na sua intervenção no Congresso, Álvaro Mendonça e Moura, presidente da CAP, e referindo-se ao quadro de mudança a que assistimos na União Europeia, sublinhou que “nos traz esperança, com a nova Comissão a dar alguns primeiros sinais positivos no que diz respeito à defesa dos agricultores, quando comparados com o trabalho realizado nos últimos anos.” Por isso, defendeu: “Unidas, com posições concertadas e objetivos comuns, a CAP e a ASAJA devem dizer aos seus governos que trabalhem juntos pelo futuro da agricultura.”
Pedro Barato Triguero, presidente da ASAJA, afirmou que “desafios comuns necessitam de soluções conjuntas. Este congresso, alicerçado na união da CAP com a ASAJA, decorreu perante uma recém-formada legislatura europeia, o que apresenta uma grande oportunidade de mudança pela qual temos de trabalhar, defendendo sempre os interesses da Península Ibérica, mas também do Sul da Europa”.
Portugueses e espanhóis manifestaram total concordância na urgência em garantir preços justos e melhores condições de investimento em toda a cadeia de valor, em promover o desenvolvimento e inovação no setor e em formar os agricultores para a agricultura do futuro, que se prevê cada vez mais tecnológica.
A necessidade de gerir e armazenar a água de forma mais eficiente, as potencialidades da agricultura regenerativa e a oportunidade dos créditos de carbono para a atingir a neutralidade das emissões de dióxido de carbono até 2050 na União Europeia foram igualmente temas de destaque no IV Congresso Ibérico Agropecuário.
Neste domínio, CAP e ASAJA concordam com o princípio “poluidor-pagador”, mas reiteram igualmente que o “despoluidor” deve ser recompensado, defendendo o papel preponderante da agricultura enquanto agente de mitigação das alterações climáticas.
Ambas as entidades prometem discutir este assunto junto do regulador europeu, destacando que este sistema confere maior resiliência ao meio ambiente perante fenómenos climáticos extremos, maior disponibilidade de água, maior produtividade agrícola e novos fluxos de rendimento aos produtores agrícolas.