Informação profissional para a agricultura portuguesa

“Continuaremos a expandir a nossa presença nas zonas de Levante e Cádis e no Algarve, em Portugal”

Entrevista com Víctor Luque, diretor-geral da TROPS

Carmen Egea25/07/2024
Falámos com Víctor Luque, nascido em Córdova e natural de Montilla, Espanha. Em março, assumiu a direção-geral da TROPS, a cooperativa líder na Europa na produção e comercialização de abacate e manga. Assume o novo cargo com entusiasmo. Fala-nos das suas expectativas e da sua visão para o futuro. Destaca o grande potencial da equipa com que trabalha e o excelente posicionamento da TROPS. Como economista e auditor, tem um conhecimento profundo da empresa.
Víctor Luque, CEO de TROPS
Víctor Luque, CEO de TROPS.

Ao iniciar uma nova etapa à frente da TROPS, como diretor-executivo, gostaríamos de começar com uma pergunta mais pessoal: Como é que Víctor Luque se define?

Víctor Luque é natural de Montilla e vive em Málaga há mais de 18 anos, mas vivi intermitentemente em Los Angeles (EUA) e em Sevilha durante alguns anos. Como economista, desenvolvi a minha carreira profissional na empresa internacional de auditoria e consultoria PwC, durante 18 anos, onde pude aprofundar o meu conhecimento de um sector tão importante para a Andaluzia como a agricultura e, especificamente, o ambiente cooperativo.

Sou apaixonado pela aprendizagem e pela melhoria contínua e sempre procurei a excelência como um objetivo pessoal, para poder competir num mundo tão globalizado como o atual.

Para mim, a equipa é uma parte fundamental do sucesso de qualquer organização, pelo que é imprescindível, para o desenvolvimento das suas competências, cuidar das pessoas e criar o melhor ambiente de trabalho possível.

Estou agora a iniciar uma nova etapa à frente da TROPS, a cooperativa líder na Europa na produção e comercialização de abacate e manga, e a expetativa é continuar a gerar valor e confiança tanto para os nossos parceiros agrícolas como para o mercado, e produzir fruta da mais alta qualidade, sempre no sítio certo, trabalhando com a sustentabilidade como a espinha dorsal e com a digitalização como vetor de mudança na organização.

Enrique Colilles, o seu antecessor, esteve à frente da empresa durante nada menos que 26 anos. O que destacaria do seu legado?

O Enrique é uma parte fundamental da história de sucesso da TROPS. Ele, juntamente com a excelente equipa da TROPS e os presidentes e conselhos de administração com que contou ao longos dos anos, conseguiu elevar a TROPS a um nível difícil de alcançar no ambiente cooperativo, com elevado profissionalismo em todas os domínios. Como tive oportunidade de auditar e aconselhar empresas (cooperativas e sociedades comerciais) de dimensão ainda maior, sei que muitas não atingem esse patamar. Conseguiu criar esse “Gen TROPS”, para que a organização melhore continuamente de dia para dia, com atenção ao detalhe em toda cadeia de valor, incluindo os seus parceiros e o campo, os seus clientes, fornecedores e trabalhadores.

O seu legado foi, portanto, a criação de uma empresa resiliente e preparada para enfrentar os desafios do futuro, com uma estratégia clara e ambiciosa para continuar a crescer e consolidar a sua posição de líder de mercado.

Enfrenta um desafio importante. Como é estar à frente de uma das maiores cooperativas de produção e comercialização de frutos subtropicais de Espanha?

Assumo este desafio com grande otimismo, muito entusiasmado por me juntar a um projeto consolidado e a uma empresa como a TROPS, líder no sector do abacate e da manga, com o firme propósito de continuar a criar valor e confiança junto dos nossos clientes e parceiros, e de continuar a trabalhar na mesma linha com que a nossa cooperativa tem vindo a desenvolver nos últimos anos. Sempre com a preocupação da excelência e da qualidade dos nossos produtos.

Conto com uma grande equipa de profissionais especializados e 4.000 agricultores empenhados no nosso “Projeto de Vida”. Continuaremos a trabalhar da mesma forma, tentando ser melhores todos os dias e dando o melhor de nós próprios.

Qual é a sua visão para o futuro em termos de expansão geográfica e de crescimento da empresa?

A TROPS está atualmente a ter um desempenho excecional. As principais apostas da empresa para o futuro são continuar a expandir a nossa presença no sul de Portugal e na zona do Levante, em Espanha, ampliando as nossas instalações no Algarve e, em Espanha, na Comunidade Valenciana, bem como em Cádis, com a abertura de um novo centro de recolha e atendimento ao cliente.

Por outro lado, vamos continuar com uma aposta firme na nossa unidade de negócio industrial, com importantes investimentos no desenvolvimento de produtos como o guacamole e outros produtos de quarta e quinta gama relacionados com o abacate e a manga. Com isto, não só conseguimos maximizar o valor da fruta dos nossos parceiros, como também alcançamos um objetivo fundamental para nós, que é o desperdício zero.

"Tenho uma grande equipa de profissionais especializados e 4...

"Tenho uma grande equipa de profissionais especializados e 4.000 agricultores empenhados no nosso 'Projeto de Vida'", diz o novo diretor-geral da TROPS.

Que estratégias tenciona implementar para manter a continuidade do trabalho realizado até à data e, ao mesmo tempo, impulsionar o crescimento da empresa?

Prosseguir o nosso compromisso de expandir a nossa presença nas principais áreas de produção, para oferecer os nossos serviços como a melhor garantia e segurança para os produtores de abacate e manga.

Para isso, continuaremos a investir na inovação como motor de crescimento, investigando e desenvolvendo novas tecnologias e soluções agrícolas e, claro, continuaremos a reforçar o nosso compromisso com a sustentabilidade através de práticas agrícolas amigas do ambiente, e otimizando a utilização dos recursos, cuidando do nosso meio ambiente.

Através de uma agricultura inovadora e sustentável podemos consolidar a liderança da TROPS no sector agroalimentar.

A falta de água na região de Axarquia, em Espanha, é evidente. Qual é o ponto da situação, e que possibilidades existem para os agricultores da região? Em termos de recuperação, quais são as opções de que dispõem?

A escassez de água é um grande desafio para a TROPS, especialmente no contexto de alterações climáticas. A empresa está a trabalhar em soluções inovadoras e alternativas sustentáveis, como o projeto da central de dessalinização, mas é necessário investir em infraestruturas de água e isso está nas mãos do governo.

A seca está a afetar significativamente a produção na região de Axarquia, tendo causado uma queda de 80% nesta campanha de abacate. Apesar de se ter compensado estas perdas noutras zonas, a situação é dramática para muitos agricultores desta região. Estes desafios levam-nos a implementar medidas de diversificação das zonas de produção, a fim de garantir o abastecimento dos produtos.

Como tenciona enfrentar os novos desafios e oportunidades nas zonas de Huelva, Valência e em Portugal, e o que isso significa para o posicionamento da empresa, do sector e da sociedade?

O nosso objetivo será sempre estar perto das zonas de produtoras e oferecer aos agricultores a melhor opção para a comercialização dos seus frutos. Nessas zonas que refere o TROPS já está instalada, já são uma realidade. Vamos continuar a investir para gerar confiança no agricultor, com um serviço técnico gratuito para as suas explorações, com centros de recolha de fruta perto das suas explorações e com a comercialização e posterior venda da sua fruta com o mais alto valor.

“Continuaremos a diversificar a atividade em novos mercados...

“Continuaremos a diversificar a atividade em novos mercados, produtos e canais de distribuição e a desenvolver a vertente industrial com produtos de quarta e quinta gamas”, refere Víctor Luque.

Que oportunidades identifica para diversificar a oferta de produtos ou serviços no mercado do abacate e da manga?

A concorrência global é cada vez mais intensa, a TROPS diferencia-se por oferecer um produto de qualidade, com sabor garantido, através da inovação e sustentabilidade dos nossos produtos. Continuaremos a desenvolver novos produtos e formatos para atender às necessidades e preferências dos consumidores.

Continuaremos a diversificar a atividade da empresa em novos mercados, produtos e canais de distribuição e a desenvolver a vertente industrial com produtos de quarta e quinta gamas.

A recém-criada Organização Interprofissional do Abacate e da Manga está sediada na TROPS. Quais são os objetivos e as principais funções que destacaria desta estrutura?

A Organização Interprofissional do Abacate e da Manga é constituída por associações de produção e comercialização de ambos os produtos. Foi criada para incentivar o consumo interno, promover a investigação e a inovação, melhorar o conhecimento da produção e do mercado e promover medidas de regulação da oferta.

O Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação (MAPA) espanhol reconheceu recentemente a Organização Interprofissional do Abacate e da Manga como uma organização agroalimentar interprofissional, criada para representar e defender os interesses dos sectores destes dois frutos em Espanha.

A organização interprofissional representa de forma integrada toda a cadeia de valor do abacate e da manga. Do lado da produção, encontram-se as organizações ASAJA, COAG, UPA, Cooperativas Agroalimentares de Espanha, Associação Espanhola de Tropicais (AET) e FEPEX-ASOCIAFRUIT. Nas valências da transformação e comercialização, intregram a organização, a Associação de Empresas Comercializadores de Abacate e Manga (AECAM), Cooperativas Agroalimentares de Espanha e FEPEX-ASOCIAFRUIT. A TROPS é uma das entidades que fazem parte desta organização.

Que aspetos considera essenciais para se manter competitivo num mercado em constante evolução?

É necessário ter uma grande capacidade de adaptação às exigências do mercado. Os consumidores já reconhecem o abacate e a manga TROPS como fruta de excelente qualidade e preferem-na a outras. Fazemos produtos excecionais, temos de continuar a comunicar as vantagens dos nossos produtos para os dar a conhecer.

Na TROPS, o nosso principal objetivo é garantir aos nossos agricultores uma comercialização justa e aos consumidores os melhores abacates e mangas.

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