O dimensionamento dos sistemas de rega e drenagem, as mobilizações de solo, a aplicação de fertilizantes e outros, não só assumem um impacto relevante no equilíbrio ambiental, como têm impacto direto no “bolso” do agricultor.
Uma das formas mais eficazes de avaliar a variabilidade do solo é através do mapeamento da Condutividade Elétrica Aparente (CEa).
O mapeamento da CEa, conjuntamente com o levantamento de perfis e análises do solo, permite de uma forma mais eficiente:
· Apoiar à decisão na instalação de culturas:
1. Definir zonas com diferentes operações culturais à instalação;
2. Adaptabilidade das variedades por zonas;
3. Adaptação do sistema de rega e drenagem;
4. Correções de solos e fertilizações de fundo (à instalação) diferenciadas;
· Identificar zonas para a recolha de amostras ou definição de locais de monitorização;
· Fornecer dados de informação relevante para aplicações diferenciadas.
O trabalho de mapeamento de CEa é realizado com um sensor sem contato com o solo. Após análise dos dados são criados mapas de CEa e mapas relacionados com a altimetria (modelo digital do terreno, zonas de acumulação de água, mapas de exposição solar, de declives, etc.) e feito o cruzamento de toda essa informação.
Uma vez estabelecida a variabilidade do solo é essencial a recolha de amostras de solos para análise, conjuntamente com o levantamento de perfis.
Na fig.1 temos uma parcela com alguma variabilidade na CEa (vermelho são as zonas de CEa mais elevadas e verde as mais baixas), onde foram selecionados dez locais de amostragem.
Verifica-se que nesta parcela as zonas de acumulação de água representam áreas de CEa mais baixa, o que significa que a drenagem está a funcionar e é necessário “respeitar” as estruturas existentes.
Também existe uma relação com a textura, sendo que nas zonas de CEa mais elevada é onde encontramos percentagens de areia menores (e de argila maiores), ao contrário das zonas verdes, onde a percentagem de areia é superior.
Sendo assim o desenho de rega deverá estar relacionado com a textura sendo que as zonas de CEa vermelha são zonas com maior capacidade de retenção de água e as zonas verdes as com menor capacidade de retenção e água e problemas de lixiviação.
Na fig.2 (mapa de capacidade de retenção de água), vemos que nas zonas azul escuro o sistema de rega deverá permitir aplicar maiores quantidades de água, com intervalo de rega superiores, e nas mais claras regas com menor quantidade de água e com maior periodicidade.
Adequar os turnos de rega a estas características gerais permitirá aumentar a eficiência da água e nutrientes aplicados e reduzir a heterogeneidade de desenvolvimento da cultura.
Em resumo, a elaboração do mapa de CEa do solo de uma parcela à instalação fornece muita informação útil para ajustar dimensionamento rega, infraestruturas de drenagem, escolha/distribuição de variedades, operações de preparação do solo e correções necessárias, antecipando e resolvendo à instalação muitos potenciais problemas (e custos) futuros da cultura.