A Associação SFCOLAB – Laboratório Colaborativo para a Inovação Digital na Agricultura (Smart Farm Colab) promoveu, entre 30 de junho e 1 de julho, no auditório da Feira de São Pedro Caixa de Crédito Agrícola, na Emergosol e no INIAV – Estação Vitivinícola Nacional, em Torres Vedras, o ‘V Fórum Agricultura 4.0: Evento Final SmartFarm 4.0’, que pretendeu assinalar o encerramento do projeto SmartFarm 4.0 – soluções inteligentes para a agricultura sustentável, preditiva e autónoma.
Cátia Pinto na Sessão I: Apresentação dos resultados do projeto Smartfarm 4.0
No primeiro dia, a apresentação de resultados alcançados no projeto SmartFarm 4.0, assim como a sustentabilidade e operacionalização de projetos financiados foram retóricas na ordem de trabalhos do evento. Por outro lado, as demonstrações destas tecnologias tanto para o sector hortícola como para a viticultura foram o mote para o segundo dia do evento.
Carmo Martins, da Direção do SFCOLAB, abriu a sessão fazendo uma ressalva à capacidade destes projetos de inovação garantirem a transferência de tecnologia e conhecimento envolvendo diferentes atores. Enquanto membro ativo de instituições que visam transferir tecnologia para o setor, abraça esta causa sentindo que apesar de todas as dificuldades inerentes a este tipo de projeto é por exemplos como este consórcio para a inovação na agricultura que se atingem determinados objetivos para os setores da hortifruticultura e viticultura.
A presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Laura Rodrigues, que acumula a presidência da Direção do SFCOLAB, enaltece a coragem de entidades como o SFCOLAB, que em muito têm contribuído para colocar o município e o tecido produtivo da região no mapa do setor. E ainda que a aposta no Laboratório Colaborativo se tenha vindo a revelar muito acertada pelos resultados alcançados, provenientes de projetos desenvolvidos na região, valorizando não só a agricultura mas aguçando a necessidade de garantir a sustentabilidade do meio agrícola.
Laura Rodrigues relembra ainda a importância das metas a cumprir pelo setor e que será a tecnologia a liderar esta mudança, conduzindo a agricultura a bom porto no que toca a tomadas de decisão mais acertadas, apoiadas por tecnologia como aquela que tem vindo a ser desenvolvida pelo SFCOLAB.
Carmo Martins, Direção SFCOLAB (Sessão Abertura)
Cátia Pinto, diretora executiva do SFCOLAB, validou o progresso do consórcio SmartFarm 4.0, liderado pela Tomix, como boa prática de capacitação do setor enquanto facilitador de novas soluções, enaltecendo ainda os três projetos - o SmartFarm4.0, HIBA e DigiFarm2all - partilhados com outras entidades e em que o SFCOLAB tem um papel ativo na democratização de tecnologia de baixo custo. “A agricultura 4.0 traz uma série de benefícios significativos levando a uma agricultura mais sustentável, resiliente e competitiva”, defendeu. Para a responsável do SFCOLAB os benefícios da agricultura 4.0 permitirão agregar uma maior produtividade associada a uma redução de custos e otimização de recursos.
O dia de auditório ficou verticalizado pela capacidade de discussão de quatro painéis com denominadores em comum: “Eficiência, Circularidade, Detenção, Sustentabilidade e Transição Digital”.
A capacitação, a formação e o recurso a novas ferramentas que permitirá a simplificação de processos e o apoio à tomada de decisão, são metodologias fundamentais para que as novas gerações de agricultores se sintam mais atraídas.
“O País precisa de água”. A necessidade do País se munir com estratégias para o armazenamento de água é fulcral para o setor. Portugal precisa de “estratégia, investimento e reforço das estruturas de armazenamento de água para o setor agrícola”, foram reflexões da sessão IV: Agronegócio – Apostar num mercado diferenciador. O acesso a água tem de ser uma prioridade para os decisores deste setor.
Como frisado por uma das oradoras, Georgete Félix, da Companhia das Lezírias: “a sustentabilidade é uma vantagem competitiva, é um fator de diferenciação, tem de ser vista como uma oportunidade”.
Sessao IV: Agronegócio – Apostar num mercado diferenciador
O dia dois, dia de campo, refletiu o trabalho desenvolvido por diversos consórcios na integração de modelos para o apoio à tomada de decisão, assim como novas oportunidades para a agricultura 4.0.
“A importância das empresas privadas na continuidade e garantia dos projetos.” Para Samuel Pereira, da Tomix, a oportunidade de demonstrar o robot no âmbito do projeto Smart Farm 4.0 como um produto final é a certeza que o caminho deste consórcio se materializou num produto capaz de fornecer ao mercado novas oportunidades. A vitalidade de projetos em cocriação entre a academia, a investigação e empresas privadas aumentam a competitividade de todo o projeto, uma vez que as empresas se tornam líderes em inovação e possuem o conhecimento especializado para garantir a sua continuidade, muitas vezes conseguindo atingir o mercado.
“Atingir as estratégias do Farm to Fork e do Green Deal, para alcançar um equilíbrio entre a natureza, os sistemas alimentares e a biodiversidade, através de tecnologias digitais pela observação da Terra.”
Segundo a responsável do projeto PestNu, Patrícia Lourenço, calcular as emissões de CO2 e a pegada das culturas para a rastreabilidade dos alimentos é um dos grandes objetivos deste projeto no âmbito do programa Horizon2020. Desenvolver tecnologia de apoio à tomada de decisão para prevenção será o caminho para reduzir o uso de pesticidas e fertilizantes.
A adaptação de sistemas produtivos em contexto de alterações climáticas pretende desenvolver a capacidade produtiva dos solos, garantir mais e melhor ao nível de recursos e aumentar a resiliências dos ecossistemas, através de soluções inteligentes para a agricultura sustentável, preditiva e autónoma, associada a tecnologias de baixo custo.
Segundo Livia Pian, do SFCOLAB, “a natureza é imprevisível, é um sistema vivo e muito complexo. Reforçadas por uma agricultura digital baseada em análise de dados, recolhidos por sensores e com recurso à IA poderemos encontrar novas formas de monitorizar culturas, prever e planear atividades na agricultura. As informações provenientes de várias fontes como robots, algoritmos, sensores, permitem potenciar o aumento da produtividade agrícola, ao permitir um melhor controlo e gestão da produção e assim uma melhor eficiência e/ou melhor controlo dos custos de produção e oportunidade de mercado”.