Tal como acontece com os tratores, a ceifeira-debulhadora é uma máquina reconhecida não só pelos profissionais agrícolas, mas também por qualquer cidadão que, em algum momento da sua vida, se tenha cruzado com uma na estrada. É esse “monstro” que desperta a raiva devido à sua reduzida velocidade de circulação, mas cujo trabalho é decisivo em pleno século XXI.
A colheita de cereais (seja trigo, cevada, milho, arroz...) ou de outras culturas (girassol, soja...) de forma mecanizada foi uma das grandes revoluções ocorridas na agricultura. Aconteceu na década de 50 do século passado e o seu impacto na mão de obra foi tal que as autoridades não promoveram a aceleração de um processo que, apesar disso, já era imparável.
Embora qualquer modelo atual disponível no mercado inclua os elementos essenciais das primeiras ceifeiras-debulhadoras, a evolução é constante em termos de sistemas hidráulicos, eletrónicos e, nos últimos tempos, com as soluções digitais relacionadas com a Agricultura 4.0 e a conetividade.
O processo de ceifa, seguido da debulha e da separação dos grãos, é a base para a tecnologia a partir da qual se chega à ceifeira-debulhadora de cereais moderna, que ao longo do tempo viu aumentar a dimensão destes elementos ou, inclusivamente o número, se nos referirmos aos sacudidores.
É a partir do tipo de debulha que se faz a classificação das ceifeiras-debulhadoras convencionais, rotativas e híbridas.
Embora cada um dos componentes básicos da ceifeira-debulhadora exigisse uma análise pormenorizada e exclusiva, neste artigo limitamo-nos somente a enumerá-los com um breve comentário.
• Corte e alimentação. Começa pela barra, cabeça ou mesa, que realiza a ceifa graças às lâminas com movimento alternado, com uma frequência definida, que prendem as plantas entre os dedos e as lâminas no seu movimento de vaivém. Existem cabeças de diferentes larguras e a altura é regulável. O rolo puxa a cultura para a barra de corte e daí para um parafuso sem-fim que envolve a cultura ceifada em direção ao centro, onde é apanhada pelos dedos retráteis e empurrada para o tapete elevador.
• Sistema de debulha. Encarrega-se de separar os grãos das espigas e da palha. É constituído pelo cilindro debulhador, que pode ser de dentes ou dedos, bem como de barras, e pelo côncavo, que é uma grelha por onde sai o grão. É precisamente a partir do tipo de debulha que se faz a classificação das ceifeiras-debulhadoras convencionais, rotativas e híbridas.
• Separação da palha. Obtido o grão, chega o momento de o separar dos outros materiais. A forma clássica é através de sacudidores, que transportam a palha para a parte traseira da máquina e recuperam os grãos retidos após a debulha. Existem diferentes tipos, em função do fabricante. Também se pode realizar a separação através de rotores longitudinais que substituem os sacudidores na totalidade ou em parte.
• Limpeza. O sistema clássico é constituído por uma caixa oscilante com crivos inclinados e um ventilador. Um movimento oscilante separa o grão da palha curta e do restolho, que sofrem o arrastamento pela corrente do ventilador de tipo centrífugo que faz a distinção entre partículas pesadas e leves.
• Armazenamento e descarga. Finalizado o processo e obtido o grão, este é elevado para a tremonha com um transportador de baldes para o seu armazenamento temporário e posterior descarga através de um parafuso sem-fim que o leva até um tubo suspenso na lateral da máquina.
Além da qualidade do grão obtido e do nível de quebra do mesmo (que deve ser o mais baixo possível), os utilizadores das ceifeiras-debulhadoras também têm muito em conta a produção de palha e de restolho. Em função da zona, pode ser valorizada para a alimentação do gado, o que leva ao enfardamento, ou pode-se optar pela distribuição uniforme pela largura da parcela trabalhada.