“As empresas do setor da madeira têm de incorporar práticas mais sustentáveis nas suas operações”
Digitalização, automação, bioeconomia e construção sustentável são os grandes temas da Ligna 2023, a principal feira mundial para o setor da transformação de madeira. Nesta entrevista, Stephanie Wagner, que recentemente assumiu a direção da feira, relata-nos as dificuldades, oportunidades e desafios que o setor atravessa e conta-nos o que podemos esperar da Ligna deste ano, muito aguardada após quatro anos de interregno imposto pela pandemia. O certame decorre de 15 a 19 de maio, em Hanôver, Alemanha.
Faço parte da equipa da Ligna há mais de 12 anos, por isso trabalho para e com a melhor comunidade - a indústria da madeira - há já vários anos. Claro que ser diretora da Ligna significa muito mais responsabilidade e, definitivamente, traz alguns desafios, especialmente numa edição de recomeço pós-pandemia. Mas, somos uma grande equipa, composta tanto por profissionais experientes como por novos talentos, para os quais, em alguns casos, esta será a primeira Ligna. Além disso, temos ao nosso lado o co-organizador do certame, a Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas e Instalações Industriais (VDMA).
Os preparativos para a Ligna trazem sempre muita emoção: especialmente agora, pouco antes do evento, a pressão é muito elevada! Escusado será dizer que, com a Ligna, tenho a ambição de oferecer a melhor plataforma internacional possível para a indústria da madeira. Se medirmos o sucesso não só pelos números, que são grandes, mas também pela atmosfera e entusiasmo da comunidade antes e depois, especialmente in loco, tenho a certeza de que será um grande evento para todos nós.
Depois de uma pausa de quatro anos e das incertezas que a acompanharam, a excitação e as expectativas para a Ligna 23 são elevadas e o sentimento geral é mais de recomeço do que de relançamento. Pessoalmente, o que mais me impressionou nas últimas semanas e meses foi, e continua a ser, o forte compromisso e lealdade demonstrados pelos participantes do mercado em relação à Ligna. Em várias reuniões decorridas quer na Alemanha quer no estrangeiro, deparámo-nos repetidamente com um estado de espírito quase eufórico: a indústria da transformação da madeira está ansiosa pelo próximo evento e mal pode esperar para voltar a encontrar-se em Hanôver. Penso que isto se refletirá na atmosfera no local. A experiência e as demonstrações ao vivo, bem como os encontros pessoais, foram e continuarão a ser os fatores-chave da Ligna.
O impacto da pandemia e da guerra na Ucrânia foi certamente sentido no setor da transformação da madeira, tal como em muitos outros setores. A indústria de processamento de madeira depende fortemente de cadeias de fornecimento globais de matérias-primas, máquinas e produtos acabados. As perturbações nos transportes, no comércio e na logística, causadas pela pandemia e pelo conflito na Ucrânia levaram a perturbações na cadeia de abastecimento, atrasos e aumento dos custos.
Mas, é também neste contexto que a Ligna oferece oportunidades para as empresas se reunirem e encontrarem soluções para os desafios atuais enfrentados pelo setor. Procurar novas soluções, novos fornecedores, processos de produção otimizados – é para isso que a Ligna existe. Para ajudar as empresas a garantir o seu futuro negócio e a manter-se competitivas, mesmo em tempos difíceis.
Quando definimos os temas principais da Ligna, contactamos diretamente com as empresas e com os nossos parceiros da indústria, de forma a compreender exatamente que fatores movem o setor em determinada altura. Este ano, os temas fortes da feira são os seguintes: ‘Woodworking Transformation’, que compreende a área de digitalização e automação, ‘Prefab Building Processes’, referente à construção de casas de madeira, e ‘Green Material Processing’, que abrange o campo da bioeconomia à base de madeira. Todos estes são temas que movem e moldam a indústria. A digitalização, por exemplo, tem sido uma tendência definidora em todas as indústrias nos últimos anos e ganhou um impulso durante a pandemia. No geral, estes tópicos não podem realmente ser separados, são interdependentes. Não é possível, por exemplo, alterar realmente o processo de pré-fabricação da construção de casas de madeira sem novas tecnologias. O mesmo se aplica aos novos desenvolvimentos em matéria de sustentabilidade.
A Ligna atrai profissionais da indústria da madeira, fabricantes e especialistas de todo o mundo. Isto significa que os fabricantes conseguem alcançar um público amplo e internacional que não é possível através de outros canais. A Ligna permite que os expositores se conectem com potenciais compradores, fornecedores e parceiros e obtenham informações sobre as tendências do mercado e as necessidades dos clientes.
Sendo a feira líder mundial, a Ligna é também o local ideal para o lançamento de novos produtos, pois fornece uma plataforma para mostrar inovações a um público-alvo. Participar também ajuda a aumentar a notoriedade da marca.
Por último, mas não menos importante, a Ligna é uma plataforma de conhecimento: o Ligna.Stage, por exemplo, oferece um vasto programa de conferências, onde o público adquire conhecimentos e insights valiosos que podem ajudar a melhorar produtos e serviços.
As nossas áreas de exposição abrangem os seguintes setores/segmentos:
Temos um extenso programa em volta de toda a área de exposição:
No Ligna.Stage, localizado no Pavilhão 12, os participantes podem esperar um interessante programa de fóruns com duração de cinco dias e que conta com cerca de 100 oradores. O palco é a plataforma de conhecimento para apresentações orientadas para o utilizador e para soluções, em inglês ou alemão, sobre os temas de foco, bem como os temas especiais de Economia Circular, Sustentabilidade e Recrutamento. Será transmitido em direto e estará disponível ‘on demand’.
As nossas visitas guiadas híbridas permitem aos visitantes participar em visitas personalizadas aos stands de expositores selecionados com base num interesse especial. Tal como as conferências do Ligna.Stage, também as Hybrid Guided Tours estarão disponíveis via livestream, através do site da Ligna, para todos os não puderam comparecer pessoalmente.
Por outro lado, a Ligna também dedica dois formatos digitais próprios ao tema dos jovens talentos e das carreiras: No Ligna.Campus, as escolas profissionais e as universidades podem apresentar os seus mais recentes projetos de investigação e fornecer informações sobre os atuais programas de educação e formação. Por outro lado, o Ligna.Recruiting cria um ponto de encontro para trabalhadores e potenciais empregadores. Este espaço digital de anúncios de emprego permite aos profissionais da madeira e aos jovens interessados neste setor conhecer as vagas existentes, interagir e marcar entrevistas com as empresas participantes durante a feira. Durante a Ligna, as empresas terão um espaço próprio, o Ligna.Recruiting, para poderem apresentar-se como empregadoras e contactar grupos de estudantes, jovens profissionais e pessoas que procuram uma mudança de emprego.
Um dos principais desafios que a indústria da madeira enfrenta no futuro próximo é a crescente preocupação com a sustentabilidade ambiental. Os consumidores exigem cada vez mais produtos ecológicos e sustentáveis, o que poderá afetar as cadeias de abastecimento e os métodos de produção das empresas do setor. Estas terão de adaptar-se e incorporar práticas mais sustentáveis nas suas operações, tais como a utilização de madeira reciclada ou recuperada, a implementação de processos de produção energeticamente eficientes e a redução de resíduos. Este tema da ‘bioeconomia’ está na agenda da Ligna e os visitantes podem esperar encontrar na feira exemplos de como será um futuro mais sustentável neste setor.
Outro desafio é a escassez de trabalhadores qualificados na indústria madeireira. Na Ligna tentamos contribuir para a necessária resposta através do nosso novo formato Ligna.Recruiting e o Ligna.Campus.
Por último, mas não menos importante, o ritmo acelerado dos progressos tecnológicos constitui uma outra tendência que as empresas do setor da madeira terão de enfrentar. A automação e a digitalização têm potencial para melhorar a eficiência e reduzir custos, mas as empresas devem investir em tecnologia e adaptar os seus processos para se manterem competitivas. A Ligna é o ‘melting pot’ perfeito para conhecer as mais recentes tecnologias e obter inspiração para futuros desenvolvimentos e modelos de negócios.