Primeira manifestação juntou 5.000 agricultores. Protestos continuam na próxima segunda-feira, desta vez em Castelo Branco.
Decorreu hoje, de manhã, o primeiro protesto do ano levado a cabo pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). A manifestação “contra a incompetência de quem nos governa”, juntou, em Mirandela cerca de 5.000 pessoas, assim como uma fila de mais de 150 tratores, que teve como destino final a Direção Regional de Agricultura do Norte.
Segundo a CAP na manifestação estiveram mais de 80 associações agrícolas do norte do país, assim como agricultores de outras regiões, algo que, para a associação, “é a prova de que o setor agroflorestal está unido nas críticas às políticas e medidas erradas que têm sido tomadas pelo Governo e que prejudicam gravemente a agricultura nacional”.
Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, no rescaldo da ação de mobilização dos agricultores em Mirandela, afirma: “Esta grande manifestação mostra que o setor e o País estão profundamente cansados das promessas que têm sido feitas aos agricultores e que não são cumpridas, como vemos pelos múltiplos anúncios que a Sra. Ministra da Agricultura vem fazendo aos muitos milhões que diz estarem disponíveis para o setor, mas que teimam em não chegar ao terreno numa altura em que estamos sufocados pelo aumento dos preços dos fatores de produção e ainda a braços com as consequências da seca e dos incêndios. Todos os dias há promessas de 300 ou 400 milhões de euros para ajudas, mas são sempre os mesmos e não saem do papel. Os agricultores portugueses continuam à espera os quase 1.300 milhões euros de fundos comunitários a que têm direito sejam pagos, mas a espera prolonga-se e estamos saturados. Saturados da incompetência de quem nos governa, que mantém os Agricultores à margem das grandes decisões que afetam o setor. Temos um Plano Estratégico da Política Agrícola Comum que foi desenhado de costas voltadas para o setor e que não serve a Agricultura portuguesa, sempre em constante desvantagem competitiva para com os outros mercados concorrentes, nomeadamente Espanha. Temos uma Ministra da Agricultura que aceita sem pestanejar o desmembramento do seu ministério e a extinção das entidades que garantem a proximidade com os agricultores e com o mundo rural. É o completo desnorte e os agricultores portugueses estão cansados, sentem-se abandonados, mas nem por isso desmobilizam. Esta grande manifestação do setor, em Mirandela, mostra que não baixamos os braços e que temos força para nos fazermos ouvir. E é o que vamos continuar a fazer ao longo do próximo mês, com mais ações de protesto em vários pontos do País.”
Um dos principais motivos de contestação por parte dos agricultores prende-se com a decisão de integração das competências das Direções Regionais de Agricultura nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDRs). Outro motivo é o atraso “crónico” nos pagamentos do Programa de Desenvolvimento Rural (no âmbito do Portugal 2020). Segundo a CAP o mesmo já deveria estar concluído a 31 de dezembro de 2022, mas apenas 77% do envelope financeiro foi até agora executado.
Na próxima segunda-feira, dia 30 de janeiro, os agricultores voltam a mobilizar-se em nova ação regional, desta feita em Castelo Branco, com paragem final na Direção Regional de Agricultura, agora do Centro.