O objetivo do projeto é o de explorar o potencial da gestão dos matos como forma de regenerar e melhorar o Montado e Dehesas (homólogo do Montado em Espanha).
Os trabalhos iniciais – em curso – prendem-se com uma avaliação das condições do solo. Como explica a universidade, o trabalho começou com a recolha de amostras de solo nas duas propriedades integradas no projeto e que serão alvo de intervenção: Terra das Freiras e Grupo de São Mateus, ambas localizadas no Sítio de Importância Comunitária (SIC) de Monfurado, da Rede Natura 2000, em Montemor-o-Novo.
Como constata a Universidade de Évora, “a maioria dos solos no Alentejo é ácida e apresenta uma alta toxicidade por manganês, resultando num solo pouco propício para o crescimento de diversas plantas. Assim, uma das soluções em análise é a aplicação de calcário dolomítico, considerada como a técnica mais eficiente para correção de acidez nos solos”.
Comprovada a elevada acidez dos solos recolhidos, através de análises laboratoriais (componentes física e química), fez-se a aplicação do calcário dolomítico no solo das duas herdades” explicam os investigadores da academia alentejana. Espera-se que na próxima primavera já se consigam observar os primeiros resultados desta ação.
Estas são áreas importantes porque, como frisa o projeto, “grande parte da biodiversidade da Europa está intimamente ligada a práticas agrícolas tradicionais e extensivas”. Sendo que “os ecossistemas agrícolas representam 38% da área total da rede Natura 2000, a maior parte da qual foi moldada por sistemas agrícolas extensivos”.
A Universidade de Évora aponta que as Dehesas/Montados (habitats 6310, 9330, 9430), a sudoeste da Península Ibérica (cerca de 4 milhões de hectares em Espanha e Portugal), são um bom exemplo deste tipo de habitat. “O seu estado de conservação tem sido repetidamente diagnosticado como desfavorável, sobretudo devido aos efeitos da intensificação da pecuária que se manifesta nas suas florestas envelhecidas”.
Desta forma, “as práticas de gestão intensiva têm consequências profundas nos processos ecológicos que garantem a persistência do habitat a longo prazo, impedem a regeneração das árvores e esgotam a função do solo. Além disso, fatores adicionais estão comprometendo a sobrevivência da floresta, incluindo a disseminação de patógenos exóticos, aumento da seca, etc. Juntas, essas ameaças representam um desafio para o manejo desses sistemas que podem resultar em dramáticas consequências sociais, econômicas, paisagísticas e de biodiversidade”.
O Projeto LIFE Scrubsnet (LIFE20 NAT/ES/000978) é cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia.