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Seminário em Faro, Algarve

Alfarroba e amêndoa: do modo de produção biológica às pragas e doenças

Ana Clara15/11/2022

'Alfarroba e amêndoa, produção biológica'. Este foi o tema do seminário que decorreu na tarde de 14 de novembro, no auditório da Direção Regional de Agricultura do Algarve (DRAP Algarve), em Faro.

DRAP Algarve, em Faro, é o palco durante três dias do debate sobre os frutos secos em Portugal
DRAP Algarve, em Faro, é o palco durante três dias do debate sobre os frutos secos em Portugal.

O seminário antecedeu o III Simpósio Nacional de Frutos Secos, uma organização da Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal (SCAP) e do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS Associação CNCFS), que se realiza no mesmo local (DRAP Algarve) de 14 a 16 de novembro, e do qual a revista Agriterra é media partner principal.

Neste primeiro evento, promovido pelo CNCFS, no âmbito do projeto ‘#TreeNuts – Partilha de conhecimento e estratégias para potenciar a fileira dos frutos secos’, esteve em análise o modo de produção biológico na área dos frutos secos, em particular, a alfarroba e a amêndoa.

Albino Bento, Presidente do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS), deu o mote da sessão, salientando a importância do debate to tema no atual contexto da agricultura portuguesa, dos seus desafios e dificuldades.

Albino Bento, presidente do CNCFS
Albino Bento, presidente do CNCFS.

A alfarrobeira em MPB

No caso da alfarrobeira em MPB, José Correia deu conta de algumas vantagens, entre elas, o facto de a incidência de pragas e doenças ser pouco significativa, há razoáveis produtividades na ausência de adubação mineral, existindo também a possibilidade de majorar os preços de venda e há ajudas específicas.

Pedro José Correia, da Universidade do Algarve (UAlg/AIDA), fez uma breve caraterização da alfarrobeira em modo de produção biológica. Começou por dar alguns dados sobre a cultura, informando que em 2019, a superfície de alfarrobeiras, amendoeiras, castanheiros e nogueiras no Algarve rondava os 13584 ha, abrangendo um total de 8084 explorações. No mesmo ano, mas no Alentejo, havia 59 explorações e um total de 854 ha ocupados. O especialista considerou que em termos de área produtiva de Modo de Produção Biológico (MPB), grande parte dela, poderia ser certificada, sendo que a informação relativa ao efeito das práticas de MPB “é escassa”.

José Correia
José Correia.

Todavia, há constrangimentos: a complexidade no processamento do fruto, pouca informação técnica de suporte e fraca adesão dos produtores ao processo de certificação.

O especialista deu ainda alguns casos práticos e abordou, de forma sucinta, as pragas e doenças que afetam a cultura.

Por fim, José Correia salientou que a alfarrobeira pode ser facilmente convertida em MPB, desde que: siga a certificação por entidades competentes; haja um acompanhamento rigoroso do estado nutricional (análise de folhas) e sanitário das árvores; e se assegure que o processamento (transporte, trituração) das alfarrobas seja exclusivo.

Seguiu-se M. Ângelo Rodrigues, do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), que abordou a gestão da fertilidade do solo em amendoal biológico.

M. Ângelo Rodrigues
M. Ângelo Rodrigues.
O docente analisou os princípios da essencialidade dos nutrientes, debruçando-se na composição elementar de uma planta, o conceito de elemento essencial, conceito de elemento benéfico. A disponibilidade de nutrientes no solo e o fornecimento de nutrientes às plantas foram outros temas em destaque na sua comunicação.

“As pragas e doenças são o principal desafio na cultura do amendoal”

‘Gestão das principais doenças do amendoal na produção biológica’. Este foi o tema da comunicação de Laura Torguet, do Programa de Fruticultura do IRTA. A responsável abordou o tema das doenças da folha, das doenças da flor da folha e do fruto e das doenças da madeira.

Laura Torguet
Laura Torguet.
Para Laura Torguet, há respostas importantes para dar quando nos perguntamos por que razão há tantas doenças no amendoal, nomeadamente: a sensibilidade das novas variedades, intensificação do cultivo, deslocalização e expansão do cultivo, problemas fitossanitários no cultivo a amêndoa. A técnica do IRT não tem dúvidas: “as pragas e doenças são o principal desafio na cultura do amendoal”. Danos que, atualmente, atingem perdas de 20 a 100%.
Como superar estes desafios? Laura Torguet responde: “é essencial conhecer as doenças, conhecer o seu ciclo biológico, melhorar a saúde das árvores e controlar as doenças”.

Na sessão de encerramento, Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPALG), enalteceu a importância do seminário e lembrou que “o caminho tem sido difícil”. Lembrou que o País tem uma Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica, mas na verdade, os números atualmente estão abaixo das metas. “Temos de ter mais destes eventos, que partilhar conhecimento e trilhar o caminho, juntos”, disse.

Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve
Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve.
“Além da proteção da biodiversidade e dos ecossistemas, temos de continuar a produzir e a ser produtivos”, lembrou, adiantando que o problema das alterações climáticas e da água são fatores que impactam, e muito, a produção.
E isso, afirmou o responsável, “obriga a uma capacidade muito grande de articulação das entidades que estão no terreno, não só com a deteção precoce dos problemas, mas também com o maneio correto. É essencial para isso partilhar, ter repositórios de informação, colocar o conhecimento ao dispor dos agricultores e as empresas partilharem também entre si”.
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Revista Agriterra é media partner
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