Já no que respeita à fisiologia vegetal, Margarida Vaz, nota que “esta área científica das plantas engloba o funcionamento das plantas e a sua estrutura”, acrescentando que nas últimas décadas esta área científica “tem sido utilizada na sua vertente mais prática de monitorização das plantas no campo, no seu estado de vitalidade”.
Sobre o montado, a investigadora frisa que “um ano de estudo é muito pouco”, o que implica que as árvores sejam monitorizadas durante vários anos. Constança Camilo-Alves, também da Academia eborense, frisa a importância da tecnologia para o sucesso deste projeto, sem a tecnologia ”não se saberia toda a funcionalidade da árvore”, assim os equipamentos tecnológicos adquirem importância vital, nomeadamente para “o estudo das raízes que também tem permitido identificar o momento em que podemos retirar água e a árvore continuar o seu percurso normal.
Os investigadores referem que ao longo das últimas décadas tem-se verificado perda de vitalidade dos sobreiros (Quercus suber), devido a más práticas de gestão, maior ocorrência de agentes bióticos nocivos, alterações climáticas, entre outros. Consequentemente, a produção mundial de cortiça tem vindo a diminuir, tanto em quantidade como em qualidade. Assim, lançou-se o desafio de testar fertirrega de sobreiros, possibilitando a extração precoce de cortiça, sempre respeitando o perímetro legal de desbóia (70cm de perímetro a 1.30m de altura do fuste). A fertirrega poderá melhorar a capacidade de resposta do mercado corticeiro às necessidades da matéria-prima a médio prazo, favorecendo toda a fileira da cortiça, desde os produtores, transformadores e compradores, incluindo o meio rural e os trabalhadores, cuja economia está ligada ao setor.
Os ensaios piloto de fertirrega de sobreiros iniciaram-se em 2014 no âmbito do projeto PRODER (Medida 4.1 – Cooperação para a Inovação) denominado REGASUBER ‘Sobreiros (Quercus suber L.) em modo de produção intensiva e Fertirrega’ no qual participaram alguns parceiros desta iniciativa: a Universidade de Évora (UÉ), Fruticor e Amorim Florestal, tendo como objetivo testar a rega mínima que permita valorizar o desenvolvimento e vitalidade dos sobreiros.
Desta forma o projeto GO-REGACORK tem vindo a dar continuidade aos ensaios piloto e fomentar a transferência de conhecimento para áreas de produção com fins comerciais. A preservação do sobreiro e do ecossistema de Montado é imprescindível para que possamos continuar a usufruir não só da cortiça produzida, mas também de um património valioso para as populações da Bacia Mediterrânica.