Opinião da Acréscimo sobre as Contas Económicas da Silvicultura de 2020, divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
No início de 2016, o governo presidido pelo atual primeiro-ministro proclamava uma “grande reforma para a floresta”. Os atuais número do Instituto Nacional de Estatística (INE), sobre as Contas Económicas da Silvicultura [1] de 2020, evidenciam um rotundo fracasso governamental. Nada que na altura não fosse previsto pela Acréscimo [2].
Disponibilizadas na presente semana, as Contas Económicas da Silvicultura referentes a 2020 evidenciam o declínio da produção silvícola nacional, o que induz consequências nas vertentes social e ambiental. Por exemplo, ao nível dos incêndios.
Há que mencionar que, apesar da proclamada importância atribuída ao setor florestal em Portugal, não se compreende que o Instituto Nacional de Estatística demora ano e meio para disponibilizar dados fundamentais para a avaliação das medidas de política setorial. Um paradoxo!
Como se observa no documento disponibilizado pelo INE, no período 2016 a 2020 acentuou-se a queda do Valor Acrescentado Bruto (VAB) da silvicultura, atingindo em percentagem do VAB nacional mínimos de 2008 (0,4 %). Foi assim anulado o crescimento registado no período 2009/2015.
Causa especial preocupação a crescente dependência dos espaços florestais em Portugal da produção de madeira para trituração (onde se incluí a produção de celulose e de energia), com um registo de quase 70% do total de produção lenhosa nacional. Esta produção está estritamente ligada a plantações exploradas em curtas rotações, associadas à prática de cortes rasos e à produção industrial de bens de ciclo curto de vida (p.e., papel e pellets, briquetes e lenhas), ou seja, que rapidamente restituem à atmosfera o carbono antes sequestrado pelo arvoredo.
A Acréscimo lamenta a ausência de políticas que fomentem a silvicultura para a produção de madeira serrada, de maior valor acrescentado, associada a mais emprego, com impacto em meios rurais (serrações, carpintaria, mobiliário) e a menores impactos ambientais, seja pelo tipo de práticas silvícolas, seja pela durabilidade dos bens produzidos.
Não se perspetivam mudanças de relevo com a política florestal do atual Governo.