Comecemos pelas pomóideas (maçã, marmelo e pera), em que se consideram as seguintes espécies como as principais pragas a nível nacional:
A Estação Entre Douro e Minho emite regularmente Avisos Agrícolas sobre as doenças da fruta e ajuda-nos a perceber algumas medidas preventivas que devem ser aplicadas face às doenças existentes.
Pedrado da macieira e da pereira
No caso do Pedrado da macieira e da pereira (Venturia inaequalis/Venturia pyrina), de acordo com aquela Estação, “existe risco de contaminações primárias, durante a ocorrência de períodos de chuva, a partir do estado C-C3 (BBCH 53-54) nas macieiras e do estado C3-D (BBCH 53-54) nas pereiras”.
É recomendado o acompanhamento do desenvolvimento das árvores e deve ser aplicado um fungicida apenas se, localmente, estiverem reunidas as condições para as infeções (recetividade das árvores e previsão da ocorrência de chuva).
Devem ser feitos tratamentos preventivos, com produtos de contacto ou de superfície, antes da chuva, com tempo seco, aplicando caldas à base de captana, cobre, hidrogenocarbonato de potássio, mancozebe, metirame.
Nas 36 horas seguintes ao início de um período de chuva, podem ser aplicados produtos à base de ditianona, ditianona+fosfanato de potássio, dodina. Além de 36 horas após o início das chuvas, aplicar fungicidas penetrantes ou sistémicos: boscalide+piraclostrobina, ciprodinil, ciprodinil+fludioxonil, ciprodinil+ebuconazol, difenoconazol, ditianona+pirimetanil, fenbuconazol, fluopiram+tebuconazol, flutriafol, fluxapiroxad, cresoxime-metilo, cresoxime-metilo+difenoconazol, miclobutanil, tebuconazol, tetraconazol, trifloxistrobina.
Para evitar resistências, deve alternar famílias de produtos.
Para o combate ao pedrado em Modo de Produção Biológico, estão autorizados fungicidas à base de cobre, nas suas diversas formas, até à rebentação. Durante o período vegetativo, devem ser aplicados fungicidas à base de enxofre e de Bacillus subtilis (SERENADE MAX).
Moniliose no marmeleiro (Monilia linhartiana)
Deve proteger as variedades sensíveis, atacadas frequentemente pela moniliose, na fase de floração e formação dos frutos.
Fungicidas homologados: boscalide+piraclostrobina (SIGNUM), ciprodinil (CHORUS 50 WG), fludioxonil (GEOXE), tiofanato-metilo (TOCSIN WG).
Entomosporiose do marmeleiro (Entomosporium maculatum)
Correm maior risco as variedades sensíveis em pomares ou isoladas, onde se verificaram ataques desta doença no(s) ano(s) anterior(es) e os viveiros, que devem ser tratados preventivamente, mesmo que não apresentem sintomas.
Não estão homologados em Portugal fungicidas para a entomosporiose. No entanto, alguns fungicidas anti-pedrado têm ação simultânea contra aquela doença.
No Modo de Produção Biológico, pode utilizar produtos à base de cobre e de hidrogenocarbonato de potássio contra a entomosporiose: cobre (hidróxido) + cobre (oxicloreto) (AIRONE SC - BADGE WG); cobre (sulfato tribásico) (CUPROXAT, NOVICURE); hidrogenocarbonato de potássio (ARMICARB - ARMICARB JARDIM).
No caso das prunóideas (ameixa, cereja, damasco, ginja e pêssego), são igualmente várias as doenças e pragas que afetam as culturas. Damos exemplos de algumas: pessegueiro, ameixeira e cerejeira.
Lepra do pessegueiro
No que respeita, por exemplo à lepra do pessegueiro (Taphrina deformans), o tratamento é mais eficaz se for feito precocemente, aos primeiros indícios do incremento dos gomos foliares.
Moniliose da ameixeira
Na moniliose da ameixeira (Monilia laxa, Monilia fructigena), falamos da doença mais importante nas prunóideas, devido à destruição de ramos, flores e frutos, diminuindo, consideravelmente a quantidade e a qualidade da produção.
O período de floração é de risco de infeção pela Monilia também na ameixeira, sobretudo se decorrerem períodos de chuva e de humidade relativa do ar elevada (> 80%).
À queda das pétalas, deverá ser feito um tratamento com um fungicida homologado.
No Modo de Produção Biológico contra a moniliose na ameixeira, durante a vegetação, é autorizada a aplicação de caldas à base de enxofre.
Cancro bacteriano da cerejeira
O cancro bacteriano (Pseudomonas sp.) é provocado por bactérias do género Pseudomonas e pode causar elevados prejuízos na cultura da cerejeira, sobretudo, em árvores novas, nos primeiros seis anos de vida.
Outros sintomas, visíveis entre março e junho:
A bactéria tem uma “capacidade congelante”, que leva a que gomos, flores e folhas infetadas possam ser danificados por geadas fracas, que não ocorreriam se não estivessem infetadas pela bactéria.
Fatores que favorecem o cancro bacteriano:
Medidas preventivas:
Tratamentos:
Na altura do início do inchamento dos gomos, antes da rebentação, pode ser aplicada uma calda à base de cobre nos pomares ou árvores afetadas pelo cancro bacteriano. Contudo, deve ser utilizada a dose mais baixa das indicadas no rótulo do produto comercial a aplicar. Este tratamento pode ter efeitos muito benéficos, sobretudo preventivos, nos pomares jovens. Os fungicidas à base de cobre têm efeito bacteriostático, ou seja, não matam as bactérias, mas reduzem a sua atividade e a reprodução.
No Modo de Produção Biológico é permitida a aplicação de caldas à base de cobre no controlo do cancro bacteriano da cerejeira.
As pragas e doenças, infelizmente, afetam igualmente frutos de casca rija (amêndoa, avelã, castanha e noz) e outros frutos, onde se incluem os citrinos, diospiros, figo, kiwi e romã.
Mais à frente, neste dossier, leia alguns artigos técnicos que detalham um pouco mais a situação da psila africana dos citrinos e os fungos de quarentena também em citrinos (riscos associados à importação de frutos).
A pitaia, também conhecida como fruta dragão, é o fruto de várias espécies de cactos epífitos dos géneros Hylocereus e Selenicereus, nativas de regiões da América Central e México, também cultivadas em Israel, no Brasil e na China. O termo pitaia significa ”fruta escamosa”.
Em Portugal, é na região do Algarve que existem condições edafoclimáticas favoráveis ao cultivo de algumas espécies frutícolas exóticas, oriundas de climas tropicais ou subtropicais, como é o caso da pitaia.
De acordo com o GO Fruta Dragão, e citando dados de Pierangel, E. C. G. (2019 - 'Espécies de fungos e bactérias associados à cultura da pitaia e avaliação de estádios de maturação na qualidade do fruto (Tese de Doutorado). Lavras, Minas Gerais' - são consideradas como pragas e doenças desta fruta as que enumeramos de seguida.
Principais pragas
As principais pragas identificadas para a pitaia podem causar danos nas plantas, flores e frutos. Os besouros, por exemplo, podem causar furos nos cladódios. Já as espécies de Percevejos Leptoglossus zonatus e Leptoglossus phyllosus sugam a seiva da planta.
Diferentes espécies de moscas como a Dasiops saltans e a mosca-das-frutas (Bactrocera spp.) atacam os botões florais e os frutos respetivamente. A localização destes ataques acaba por ter uma grande influência na produtividade da pitaia. Além disso, diferentes espécies de pulgões e cochonilhas também foram observadas em flores e frutos.
No que toca a pragas de maiores dimensões, ratos e aves são atraídos pelas flores e pelos frutos maduros, atacando-os. As feridas causadas por estes ataques podem ser uma abertura para ataques de fungos e bactérias.
Embora as pragas causem prejuízos, o maior problema para a pitaia são as doenças fúngicas.
Principais doenças
Uma das doenças fúngicas mais graves para a cultura da pitaia é a Antracnose (Gloeosporium sp ou Colletotrichum gloesporioides), que pode reduzir significativamente a produção devido ao ataque aos cladódios e frutos. No caso do C. gloesporioides, tanto pode atacar o fruto imaturo como o fruto maduro no pós-colheita.
Podridões por Fusarium causam a chamada “podridão apical do fruto”, começando como uma lesão na inserção do fruto com o cladódio, depois evoluindo.
Já a Alternaria alternata causa manchas nos frutos de pitaia nas fases de pré e pós-colheita, gerando graves perdas económicas. Esse fungo é também considerado como tóxico pois produz micotoxinas. Uma vez que podem não apresentar sintomas visíveis na polpa do fruto, pode levar a problemas graves para a saúde humana.
A Psa, Pseudomonas syringae pv.actinidiae, é o agente causal do cancro bacteriano da actinídea, considerada a doença mais grave desta cultura. Pode, em casos mais virulentos, causar a morte das plantas, colocando em causa a sustentabilidade da fileira e provocando importantes prejuízos económicos nos principais países produtores de kiwi, incluindo Portugal (EPPO, 2011/054).
Esta doença, detetada em Portugal em 2010, manifesta elevada agressividade e uma dispersão muito rápida, tendo, nos dias de hoje, distribuição generalizada nas regiões produtoras. A nível mundial, a indústria ligada ao setor do kiwi está empenhada no desenvolvimento de estratégias de controlo da doença para conter a pandemia e minimizar as perdas económicas dos produtores, mas sem resultados positivos.
Para trabalhar a área do kiwi foi criado o Grupo Operacional i9kiwi, que visa o desenvolvimento de estratégias que visem a sustentabilidade da fileira do kiwi através da criação de um produto de valor acrescentado.
Visão geral do projeto
Segundo o i9kiwi, a produção de kiwi (Actinidia sp.) é uma importante atividade económica em diversos países, tendo apresentado uma expansão mundial nos últimos anos. Em Portugal, foi a partir da década de 1990 que a produção de kiwi se começou a desenvolver graças ao valor comercial da fruta associado ao baixo custo de produção. Os investimentos têm aumentado nos últimos anos, traduzindo-se num aumento notável da exportação, tendo sido atingido o valor máximo de 13 kton em 2013, equivalendo a 11 milhões de euros. Embora se continuem a verificar fortes investimentos, tendo a área de produção aumentado em 1/3 nos últimos anos, a produtividade tem diminuído, sendo a infeção pela bactéria Pseudomonas syringae pv. actinidiae (Psa) o principal responsável.
"O I9Kiwi pretende melhorar a competitividade do País incidindo exclusivamente em atividades de produção primária no setor do kiwi através de diversas tipologias de inovação, nomeadamente inovação de produtos e processos. O I9Kiwi reúne as competências necessárias para suprir lacunas evidentes no setor fitossanitário e na qualidade e diversidade de cultivares e do pólen, associadas a elevados custos de produção", salienta-se na página do projeto.