O grão-de-bico (Cicer arietinum L.) é uma leguminosa para grão muito bem-adaptada ao clima mediterrânico e uma alternativa para rotações culturais com vantagens agronómicas, económicas e ecológicas. A Lusosem e a Egocultum propõem a nova variedade portuguesa ‘Casal Vouga’.
No final de 2020, a empresa estabeleceu uma parceria com a Egocultum para comercialização, distribuição e desenvolvimento da nova variedade portuguesa de grão-de-bico ‘Casal Vouga’, da qual detém a representação exclusiva em Portugal.
Esta cultivar resulta de um processo de seleção, procurando variedades mais resistentes e produtivas para a produção de grão-de-bico, levado a cabo pela família Azoia, produtora desta leguminosa desde a década de 80.
Nos anos de 2020 e 2021 foram cultivadas algumas centenas de hectares da variedade ‘Casal Vouga’, no Ribatejo e Alentejo, e uma pequena área em Castelo Branco. Nos próximos anos estima-se que a área semeada duplique.
Cada português consome, em média, 2,6 kg de grão-de-bico por ano
Apesar da primavera húmida, que representou uma pressão suplementar de doenças fúngicas, a produtividade do grão-de-bico ‘Casal Vouga’ aumentou face à campanha de 2020, quando o máximo alcançado foi de 2.700 kg/hectare.
"Este ano tivemos dois casos com recordes de produção: 4.700 kg/hectare (de grão limpo) no campo da Golegã e 3.000 kg/hectare em Alpiarça", conta José Azoia, responsável da Egocultum. O aumento da densidade de sementeira (de 150 kg para 180kg/hectare) teve alguma influência, mas o mérito é, sem dúvida, da variedade, dos agricultores e do aconselhamento técnico prestado pela Lusosem e Egocultum.
O grão-de-bico é uma cultura indicada para usar em rotações de sequeiro, podendo ser integrada numa sequência grão-colza-cereal de pragana, ou em rotações de regadio, com milho, por exemplo. Em ambos os casos os resultados agronómicos têm sido muito positivos.
"Hoje em dia os agricultores têm a perceção da importância de fazer rotação de culturas, mas em sequeiro não existem muitas alternativas e o grão-de-bico é uma alternativa rentável e ecológica, porque fixa azoto atmosférico, melhorando a fertilidade do solo", explica José Azoia.
A Lusosem disponibiliza a semente e assistência técnica aos agricultores interessados em produzir a variedade de grão-de-bico ‘Casal Vouga’, que têm a possibilidade de escoamento da produção através da Egocultum, que tem acordos estabelecidos com indústrias alimentares nacionais e estrangeiras para venda do grão.
A conta de cultura ronda os 650 a 700 euros/hectare (excluindo a renda da terra). Os agricultores podem beneficiar de um apoio suplementar através das medidas agroambientais, ao integrar o grão-de-bico numa rotação de culturas.
"As leguminosas, como o tremoço e grão-de-bico, vêm enriquecer o já vasto catálogo de semente certificada da Lusosem. A rotação de culturas, a dinamização e desenvolvimento de formas alternativas de aportar azoto ao solo são objetivos para os quais a cultura do grão-de-bico pode dar um importante contributo", afirma Filipa Setas, responsável de desenvolvimento e marketing da Lusosem.
O acordo de colaboração entre a Lusosem e a Egocultum passa pelo desenvolvimento e introdução no mercado nacional de outras espécies e variedades de leguminosas ao longo dos próximos anos, nomeadamente, o chícharo e o feijão-frade.
Vantagens de produzir grão-de-bico ‘Casal Vouga’
Portugal produz apenas 7% do grão-de-bico que consome
Em 2020, Portugal produziu 2.890 toneladas, um volume que está longe de suprir as necessidades do nosso País nesta leguminosa.
Na realidade, a produção nacional cobre apenas 7,4% do grão-de-bico consumido, significando que importamos a maior parte do estrangeiro, com uma enorme pegada ecológica associada.
Segundo os dados mais recentes do GPP, relativos a 2019, Portugal importa 41.572 toneladas de grão-de-bico, no valor de 25,8 milhões de euros. Da Argentina chega quase metade do total, seguido da Etiópia, Canadá, Espanha e Brasil.