Informação profissional para a agricultura portuguesa

Grão-de-bico: uma cultura alternativa e rentável

Lusosem30/11/2021

O grão-de-bico (Cicer arietinum L.) é uma leguminosa para grão muito bem-adaptada ao clima mediterrânico e uma alternativa para rotações culturais com vantagens agronómicas, económicas e ecológicas. A Lusosem e a Egocultum propõem a nova variedade portuguesa ‘Casal Vouga’.

A sementeira do grão-de-bico português ‘Casal Vouga’ decorre de novembro a abril. A Lusosem comercializa a semente
A sementeira do grão-de-bico português ‘Casal Vouga’ decorre de novembro a abril. A Lusosem comercializa a semente.
A Lusosem, no âmbito da sua atividade focada na valorização da agricultura portuguesa, tem vindo a apostar no desenvolvimento das culturas leguminosas, nomeadamente, o tremoço e, mais recentemente, o grão-de-bico.

No final de 2020, a empresa estabeleceu uma parceria com a Egocultum para comercialização, distribuição e desenvolvimento da nova variedade portuguesa de grão-de-bico ‘Casal Vouga’, da qual detém a representação exclusiva em Portugal.

Esta cultivar resulta de um processo de seleção, procurando variedades mais resistentes e produtivas para a produção de grão-de-bico, levado a cabo pela família Azoia, produtora desta leguminosa desde a década de 80.

Nos anos de 2020 e 2021 foram cultivadas algumas centenas de hectares da variedade ‘Casal Vouga’, no Ribatejo e Alentejo, e uma pequena área em Castelo Branco. Nos próximos anos estima-se que a área semeada duplique.

Cada português consome, em média, 2,6 kg de grão-de-bico por ano

Os agricultores que o pretendam podem adquirir a semente de grão-de-bico ‘Casal Vouga’ inoculada com rhizobium (potenciador da fixação de azoto)...
Os agricultores que o pretendam podem adquirir a semente de grão-de-bico ‘Casal Vouga’ inoculada com rhizobium (potenciador da fixação de azoto), tricodermas (para controlo de fusarium) e micorrizas (potenciam o desenvolvimento do sistema radicular da planta). Este tratamento potencia a produção e a sanidade da planta.

Grão-de-bico ‘Casal Vouga’ atinge 4.700 kg/hectare

Apesar da primavera húmida, que representou uma pressão suplementar de doenças fúngicas, a produtividade do grão-de-bico ‘Casal Vouga’ aumentou face à campanha de 2020, quando o máximo alcançado foi de 2.700 kg/hectare.

"Este ano tivemos dois casos com recordes de produção: 4.700 kg/hectare (de grão limpo) no campo da Golegã e 3.000 kg/hectare em Alpiarça", conta José Azoia, responsável da Egocultum. O aumento da densidade de sementeira (de 150 kg para 180kg/hectare) teve alguma influência, mas o mérito é, sem dúvida, da variedade, dos agricultores e do aconselhamento técnico prestado pela Lusosem e Egocultum.

O grão-de-bico é uma cultura indicada para usar em rotações de sequeiro, podendo ser integrada numa sequência grão-colza-cereal de pragana, ou em rotações de regadio, com milho, por exemplo. Em ambos os casos os resultados agronómicos têm sido muito positivos.

Uma alternativa rentável

"Hoje em dia os agricultores têm a perceção da importância de fazer rotação de culturas, mas em sequeiro não existem muitas alternativas e o grão-de-bico é uma alternativa rentável e ecológica, porque fixa azoto atmosférico, melhorando a fertilidade do solo", explica José Azoia.

A Lusosem disponibiliza a semente e assistência técnica aos agricultores interessados em produzir a variedade de grão-de-bico ‘Casal Vouga’, que têm a possibilidade de escoamento da produção através da Egocultum, que tem acordos estabelecidos com indústrias alimentares nacionais e estrangeiras para venda do grão.

A conta de cultura ronda os 650 a 700 euros/hectare (excluindo a renda da terra). Os agricultores podem beneficiar de um apoio suplementar através das medidas agroambientais, ao integrar o grão-de-bico numa rotação de culturas.

"As leguminosas, como o tremoço e grão-de-bico, vêm enriquecer o já vasto catálogo de semente certificada da Lusosem. A rotação de culturas, a dinamização e desenvolvimento de formas alternativas de aportar azoto ao solo são objetivos para os quais a cultura do grão-de-bico pode dar um importante contributo", afirma Filipa Setas, responsável de desenvolvimento e marketing da Lusosem.

O acordo de colaboração entre a Lusosem e a Egocultum passa pelo desenvolvimento e introdução no mercado nacional de outras espécies e variedades de leguminosas ao longo dos próximos anos, nomeadamente, o chícharo e o feijão-frade.

Vantagens de produzir grão-de-bico ‘Casal Vouga’

  • É uma cultura muito bem adaptada ao clima mediterrânico e ao sequeiro.
  • Excelente escolha para integrar num plano de rotação de culturas, do ponto de vista agronómico, ecológico e económico.
  • Não necessita de grande investimento em maquinaria agrícola, caso já seja produtor de cereais.
  • Ao investir em semente portuguesa contribui para a economia nacional e para a redução da pegada ecológica da produção e consumo de alimentos.
Colheita de grão Casal Vouga
Colheita de grão Casal Vouga.

Portugal produz apenas 7% do grão-de-bico que consome

Em 2020, Portugal produziu 2.890 toneladas, um volume que está longe de suprir as necessidades do nosso País nesta leguminosa.

Na realidade, a produção nacional cobre apenas 7,4% do grão-de-bico consumido, significando que importamos a maior parte do estrangeiro, com uma enorme pegada ecológica associada.

Segundo os dados mais recentes do GPP, relativos a 2019, Portugal importa 41.572 toneladas de grão-de-bico, no valor de 25,8 milhões de euros. Da Argentina chega quase metade do total, seguido da Etiópia, Canadá, Espanha e Brasil.

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