As perspetivas de produção em Portugal na campanha olivícola de 2020/2021, que arrancou em meados deste mês, apontam para 100 mil toneladas de azeite, disse à Lusa o diretor executivo da Olivum – Associação de Olivicultores do Sul, Gonçalo de Almeida Simões.
Trata-se de “um decréscimo de 40 mil toneladas” em relação à campanha de 2019/2020, quando Portugal produziu 140 mil toneladas e “bateu o recorde” de produção nacional de azeite “dos últimos 80 anos”, frisou.
O Alentejo, a região portuguesa que mais azeite produz e que representa cerca de 75% da produção nacional, também deverá registar um decréscimo e produzir 75 mil toneladas de azeite na campanha de 2020/2021, menos 25 mil toneladas do que as 100 mil produzidas na anterior, estimou.
Segundo o responsável, “os números não são uma surpresa para o setor” e o decréscimo esperado na produção de azeite na campanha olivícola de 2020/2021 “é normal”, porque, o olival, sendo uma cultura permanente, “obedece a uma lógica de safra e contra safra”.
Ou seja, após uma campanha de elevada produção de azeitona e azeite, como foi a anterior de 2019/2020, “é normal que na campanha a seguir”, no caso a atual de 2020/2021, haja menos produção, explicou.
Apesar do decréscimo na produção de azeite em termos quantitativos, “vai ser uma boa campanha” e “a expetativa, em termos de qualidade, é que 95% do azeite produzido em Portugal continue a ser virgem e virgem extra”.
Neste aspeto, frisou, Portugal é o maior produtor de azeite virgem e virgem extra no mercado mundial, seguindo-se, empatados em segundo lugar, Espanha e Itália, onde “apenas 70%” do azeite produzido é virgem e virgem extra.
Segundo Gonçalo de Almeida Simões, o “dado positivo” na campanha olivícola de 2020/2021 é que as previsões apontam para um “aumento de 7% no consumo de azeite a nível mundial, o que se traduz numa inversão da tendência dos últimos anos”.
De acordo com a Olivum, atualmente, Portugal, a nível mundial, é o sétimo maior produtor de azeitona, o oitavo maior produtor de azeite e nono país com maior área de olival.
Questionado sobre se a pandemia de Covid-19 está a afetar a campanha olivícola de 2020/2021, nomeadamente ao nível de contratação de mão-de-obra para apanha de azeitona, Gonçalo de Almeida Simões respondeu que não.
“Já se fizeram as campanhas deste ano de apanha de uva, amêndoa e frutos vermelhos e as coisas correram bem nesse capítulo [mão-de-obra] e estima-se que também corram na campanha olivícola”, disse.
A Olivum lembra que Portugal garante a autossuficiência em azeite desde 2014 e o investimento no setor olivícola permitiu ao país passar de uma produção de 80 mil toneladas naquele ano para 140 mil toneladas em 2019.
As empresas olivícolas que atuam em Portugal são “maioritariamente portuguesas” e o setor conseguiu atrair investimento estrangeiro e de vários países, como Espanha, Inglaterra, Chile, Arábia Saudita, Suíça e Dinamarca.
Atualmente, a Olivum, que diz ser “a maior associação de olivicultores e lagares” de Portugal, tem 100 associados, os quais representam 300 explorações, que ocupam 40 mil hectares de olival, a maioria no Alentejo, mas também alguns no Ribatejo, e 10 lagares.