Informação profissional para a agricultura portuguesa
Entrevista a Fernando Leite, Administrador-Delegado da Lipor

“Temos tido uma excelente reação dos Clientes ao Nutrimais”

Ana Clara | Jornalista08/07/2020

Fernando Leite, Administrador-Delegado da Lipor, fala em entrevista à AGRITERRA, do NUTRIMAIS, um corretivo agrícola orgânico de elevada qualidade e das mais-valias da sua utilização para o agricultor. O responsável refere que uma das áreas onde a Equipa de Inovação da LIPOR está a trabalhar, "é a dos produtos de valor acrescentado para a Agricultura". Fernando Leite avança ainda que, em breve, será lançado um 'Substrato' e uma linha de 'adubos líquidos'.

Fernando Leite

Fernando Leite.

Fale-me um pouco das soluções NUTRIMAIS, enquanto corretivo agrícola orgânico, e do crescimento deste segmento.

O NUTRIMAIS é um “composto” orgânico natural, produzido numa moderna unidade industrial, através de uma tecnologia evoluída, que nos permite transformar materiais recolhidos seletivamente, num produto de alto valor no enriquecimento dos solos e no suporte alimentar das culturas agrícolas onde é utilizado.

É também importante a questão das matérias-primas utilizadas no processo de fabrico. De que matérias estamos a falar e como se desenrola todo o mecanismo?

Como já referi, todos os materiais, a partir dos quais nós fabricamos o NUTRIMAIS, são selecionados, provêm de Cantinas, Restaurantes, Supermercados, Praças de Alimentação de Centros Comerciais, dos Mercados Abastecedores de frutas e legumes, daí, materiais devidamente separados antes de entrarem na preparação de refeições, ou serem comercializados.

A questão do(s) solo(s) é aqui muito importante, já que a fórmula NUTRIMAIS atua decisivamente na melhoria das componentes físicas dos solos. Fale-me um pouco da importância de garantir um solo “saudável”.

Todos nós temos notícia dos efeitos nefastos dos incêndios, que logo a seguir deixam os solos sem capa de cobertura em terra natural devido às chuvas que posteriormente “lavam” os solos, ou então de zonas onde se praticam culturas intensivas e onde o “esgotamento” dos solos tem que ser compensado com a introdução de matéria orgânica, como o caso do NUTRIMAIS. Só com solos adequadamente fortificados com matéria orgânica, é possível obter culturas sadias e com desenvolvimento adequado.

A qualidade na seleção das matérias-primas é outro ponto sempre referido. Qual é, de facto, a relação do NUTRIMAIS com a Agricultura Biológica? Têm certificações concretas nesta área?

Para a qualificação que o NUTRIMAIS tem, como adequado e aprovado para utilização no modo de produção biológica, contribuem, não só as matérias-primas a partir das quais é fabricado, como o rigoroso processo industrial que a nossa fábrica dispõe, com 18 túneis de fermentação, uma área de maturação com piso arejado por insuflação de ar, bem como um grupo de sensores colocados nos túneis e comandados por um Sistema Informático que tudo controla e ainda uma bateria de 3 grupos de análises laboratoriais que monitorizam todo o processo.

No final de todo o processo há uma entidade certificadora independente, a SATIVA, que avalia todos os resultados e atribui o rótulo de certificação.

O NUTRIMAIS é produzido, embalado e comercializado de que forma? Onde está à venda e em que tipo de cadeias?

O produto final é produzido e preparado na forma pulverulento ou granulado, podendo ser expedido para os Clientes a granel, em big-bags, ou ensacado em sacos de 40 ou 70 litros. O nosso canal de distribuição, quase que exclusivo, é através de revendedores regionais, casas de comércio de produtos para agricultura e diretamente para grandes indústrias agrícolas, neste caso esporadicamente. O NUTRIMAIS está disponível em todo o País.

É vendido apenas em Portugal ou já há exportação do produto?

Neste momento e devido à grande carência de matéria orgânica nos solos nacionais, apenas vendemos para o mercado nacional, esgotando toda a produção. As culturas que mais “requisitam” o nosso produto são a vinha, o pomar, os soutos de castanheiros e as hortícolas variadas.

“A qualidade e assistência comercial é o que nos diferencia”

Como tem sido a reação do mercado e dos agricultores ao produto? Que perfil – culturas – tem adquirido o NUTRIMAIS?

Temos tido uma excelente reação dos clientes ao nosso produto e essa aceitação é para nós muito importante, porque hoje o empresário agrícola já é alguém com vasto conhecimento técnico, com apoio em Técnicos em Agronomia e se preferem os nossos produtos, é sinal de que eles são de excelente qualidade. Esta qualidade e a nossa assistência comercial é que nos diferencia, não é seguramente o preço, pois aí há outros produtos no mercado muito mais barato que o nosso.

Qual é a importância da Economia Circular – conceito tão urgente atualmente para a sustentabilidade - em termos de matéria-prima e resíduos no contexto do NUTRIMAIS, visto que há um ciclo em termos de matéria orgânica?

Quando em 2015 se começou a falar em Economia Circular em toda a Europa, a Lipor já tinha um produto que é o exemplo dessa Economia, o NUTRIMAIS. Como antes referi, as nossas matérias-primas para a fabricação de composto, não são extraídas da Natureza, são criteriosamente aproveitadas de sobras de materiais, em bom estado sanitário, que após adequado tratamento, transformam-se em novo produto. De frutas e legumes, por exemplo, preparamos o “alimento” para os nossos pomares. É Economia Circular pura.

Produtos Nutrimais
Produtos Nutrimais

Fale-me um pouco dos projetos para 2020 que estão em marcha no contexto do NUTRIMAIS. Que novidades podemos esperar?

Uma das áreas onde a Equipa de Inovação da LIPOR está a trabalhar, é a dos produtos de valor acrescentado para a Agricultura. Assim trabalhamos hoje para podermos lançar muito brevemente um 'Substrato' e uma linha de 'adubos líquidos'.

De que forma a Lipor lidou com a pandemia de Covid-19, como é que isto afetou a vossa atividade e de que forma se adaptaram?

Para uma Organização como a Lipor, esta pandemia ocasionou, obviamente, alterações ao nível da laboração fabril, tudo para proteger, como é natural, os nossos trabalhadores. Os quadros técnicos foram colocados em regime de teletrabalho e para o pessoal operário e chefias intermédias, houve redução do tempo de trabalho para 5 horas e dividiram-se os efetivos em turnos, para se ter obstáculos contra o possível contágio entre os nossos trabalhadores. Com medidas e Planos de Contingência, tivemos a grata satisfação de não registar nenhum caso positivo.

Como antevê o que resta de 2020, no âmbito da vossa atividade, no contexto que vivemos?

Temos uma grande expectativa quanto ao que poderá acontecer no futuro com a pandemia, devido ao facto de estarmos, em termos médicos e de saúde pública, com uma grande incerteza no que se refere a possíveis novas vagas de Covid. O que temos montados são Planos vários de Contingência, que nos permitam estar preparados para os eventuais incidentes futuros.

De que forma, na sua opinião, o setor agrícola português irá sair afetado desta pandemia em termos económicos?

Em meu entender é muito importante que o Governo olhe para o setor agrícola com muito cuidado, pois o impacto da pandemia no setor será enorme e com efeitos que, como entenderemos, serão efeitos em cadeia. Lembro o caso da mão-de-obra, ou falta dela, lembro o problema da comercialização, quer em termos nacionais, quer em termos de exportações, temos, depois, o problema da diferente dimensão das empresas e mesmo da estrutura de solos. As PME, pequenos e médios agricultores, terão sempre mais limitadas capacidades de resposta a uma crise destas.

Quando em 2015 se começou a falar em Economia Circular em toda a Europa, a Lipor já tinha um produto que é o exemplo dessa Economia, o NUTRIMAIS

Por fim, gostava que falasse um pouco da atividade da Lipor ao longo dos últimos anos e como também tem sido o crescimento económico empresarial?

O trajeto empresarial da Lipor tem sido crescente quer em termos de operações, quer em termos de resultados. Soubemos, atempadamente, definir estratégias para o nosso negócio, que hoje é multifacetado, pois vai desde a produção de “compostos” para a agricultura, à produção de eletricidade, à pré-preparação de materiais para reciclagem, às áreas da formação (temos uma Academia, com planos anuais de formação), e atualmente estamos focados em novos domínios de atividades, alavancados na ação da área da inovação. A nossa equipa foca-se, atualmente, em 3 domínios de ação:

  • a questão da transformação de polímeros
  • a questão da fabricação de produtos para a agricultura
  • e a transformação de escórias de incineração em novos materiais.

Hoje alcançamos os 40 milhões de euros de volume de negócios e estamos a preparar o atingimento de 50 milhões de euros até 2023.

Conheça melhor o NUTRIMAIS e aceda à Feira Virtual na revista AGRITERRA: https://www.agriterra.pt/Artigos/Nutrimais/.

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