BA20 - Agriterra

2025/1 20 tractores-ibericos.kubotadistribuidor.pt PRODUTOS PERFEITOS PARA SI! Preço:11 € | Periodicidade: 5 edições por ano Março 2025

PORTUGUÊS: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, ... ESPANHOL: Espanha, México, EUA, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Perú, ... ACEDA AO MERCADO LUSO-ESPANHOL DO SETOR AGRÍCOLA O GRUPO EDITORIAL IBÉRICO DE ÂMBITO INTERNACIONAL INTEREMPRESAS MEDIA - ESPANHA Tel. +34 936 802 027 comercial@interempresas.net www.interempresas.net/info INDUGLOBAL - PORTUGAL Tel. (+351) 215 935 154 geral@interempresas.net www.induglobal.pt

7a15 de junho Feira Nacional de Agricultura Feira do Ribatejo Biosoluções, um passo em frente na agricultura. Santarém

24 SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Gabriela Costa Equipa Editorial Gabriela Costa, Sónia Ramalho, Ángel Pérez, Alejandro de Vega Marketing e Publicidade Frederico Mascarenhas e Hélder Marques redacao_agriterra@interempresas.net www.agriterra.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 55 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127451 Déposito Legal 471809/20 Distribuição total +5.300 envios Distribuição digital a +4.200 profissionais. Tiragem +1.100 cópias em papel Edição Número 20 – Março de 2025 Estatuto Editorial disponível em www.agriterra.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Media Partners: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da Agriterra adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 6 EDITORIAL 7 II Conferência Técnica do Olival realiza-se a 23 de maio em Évora 9 AGRO regressa em abril a Braga 10 41ª Ovibeja promove agricultura inovadora e sustentável 12 13º Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo reúne 350 participantes 14 DigiFarm2all: Sustentabilidade e Democratização da Agricultura 4.0 16 Concurso Nacional de Azeites de Portugal está de regresso 18 Um PEPAC desajustado da realidade dos agricultores e alheio às dificuldades da agricultura portuguesa 22 Quiet days are gone… 44 12° Colóquio Nacional do Milho: “autonomia estratégica é prioritária” 46 Açores: agricultores com apoios para compra de sementes de milho e sorgo 50 Vinha de regadio versus vinha de sequeiro 52 Viticultura: recuperar as castas autóctones 54 TVH entra em 2025 com bases sólidas, objetivos bem definidos e uma equipa totalmente empenhada 56 O boom internacional da amêndoa portuguesa 60 Ter uma indústria eficiente na península poderia significar o encerramento de quase 500 lagares 62 Óleo de bagaço de azeitona, uma gordura saudável que passa despercebida 64 Como recolher amostras de solo para um plano de fertilização 66 Projeto europeu BeXyl avança no desenvolvimento de métodos de deteção precoce da bactéria Xylella fastidiosa nas oliveiras 70 Culturas de elevado valor: a Península Ibérica como oportunidade 73 CLAAS apresenta “resultados sólidos” num “ambiente industrial difícil” 76 John Deere apresenta novas máquinas e tecnologias autónomas no CES 2025 78 BKT: tendências agrícolas para 2025 80 Fevereiro: mercado de máquinas e reboques agrícolas em queda em Portugal 81 Trump e clima trazem incerteza a mercados movidos ao ritmo das manchetes 24 “O mercado de cereais está num ponto crítico de transformação” 30 Seminário 'Aumento da Produção Sustentável de Cereais em Portugal: que desafios se nos colocam?' 36 Alltech: análise revela risco crescente de micotoxinas e apresenta estratégias para gestão proativa de colheitas 38 Novos microrganismos criados de forma sustentável para o melhoramento das culturas de trigo 40 DOSSIER Mercado: Cereais

6 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Governo apresenta Estratégia Nacional 'Água que Une' Plano de ações e investimentos pretendem garantir a gestão sustentável deste recurso em todo o território nacional, ao longo dos próximos 15 anos. Foi ontem apresentada, pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, a Estratégia Nacional de Gestão da Água – 'Água que Une'. A estratégia teve como ponto de partida um diagnóstico à situação hídrica a nível nacional, bem como as previsões de consumos e disponibilidades futuras. Portugal tem disponíveis perto de 51.000 milhões de metros cúbicos (m3) por ano de água, dos quais são captados anualmente 4 324 milhões de m3. Até 2040, está prevista uma quebra de 6% nas disponibilidades hídricas, acompanhada de um aumento de 26% nos consumos. Como revelou o governo, a “estratégia, assente nos eixos da eficiência, resiliência e inteligência na gestão deste recurso, contempla perto de 300 medidas, a desenvolver ao longo dos próximos 15 anos, que têm o potencial para acrescentar mais de 1.000 milhões de m3 de água disponível para todos os usos consumptivos do território nacional”. As medidas de eficiência dizem respeito a intervenções como a poupança de água, a redução de perdas nas redes de abastecimento e de rega, a reabilitação de reservatórios e o aproveitamento de águas residuais tratadas. Ao nível da resiliência são contempladas todas as medidas de adaptação aos efeitos das alterações climáticas, nomeadamente a prevenção de cheias e secas, o reforço da capacidade de armazenamento, a segurança no abastecimento às populações, à agricultura e aos restantes setores económicos, o restauro de rios e ecossistemas, a criação de reservas estratégicas de água e a interligação de sistemas. A estratégia divide-se em nove grandes planos estruturantes: • o programa nacional para a Redução de Perdas de Água; • o programa para a Reutilização de Água Residual Tratada; • o programa para a inovação e Digitalização do Ciclo da Água; • o Plano para a Reabilitação e o Restauro de Rios e Ribeiras; • o programa para o Reforço do Armazenamento de Água; • o programa para a eficiência dos empreendimentos hidroagrícolas; • o programa para gerir o Abastecimento ao polo industrial de Sines; • e o programa para a Resiliência Hídrica do Alentejo. O governo adiantou que entre as ações a realizar se incluem desde a construção de novas barragens, interligação, charcas e reservatórios de água, à reabilitação e modernização das redes, visando combater as perdas de água.

7 Bruxelas apresenta plano de mudança de direção para setor agroalimentar europeu A Comissão Europeia (CE) apresentou a sua 'Visão para a Agricultura e Alimentação', um roteiro ambicioso para o futuro do mercado agroalimentar na Europa. O setor produtivo vê com bons olhos esta mudança de rumo da CE, que pretende responder às exigências dos agricultores e criadores de gado e, ao mesmo tempo, garantir a soberania alimentar da UE-27, embora existam sérias dúvidas sobre se a futura PAC terá orçamento suficiente para avançar com todas as medidas propostas. Uma maior simplificação das políticas e a adoção da inovação e da digitalização são as principais linhas de trabalho traçadas no documento aprovado em Bruxelas 'Visão sobre a Agricultura e a Alimentação', que apresenta uma série de reflexões sobre o futuro do setor agroalimentar na UE-27. O documento aprovado pela CE, sob o lema 'Construir em conjunto uma agricultura e um setor agroalimentar atrativos para as gerações futuras', deverá ser desenvolvido no papel ao longo de 2025, para o qual a Comissão irá propor um pacote abrangente de medidas com o objetivo de simplificar o atual quadro legislativo agrícola, bem como promover uma estratégia digital da UE para a agricultura, a fim de apoiar a transição que o setor primário está atualmente a atravessar. A visão define quatro áreas prioritárias para um setor atrativo, competitivo e resiliente, com futuro e com condições de vida e de trabalho justas nas zonas rurais. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou: “os nossos agricultores são fundamentais para o sistema de produção alimentar da UE. É graças ao seu trabalho quotidiano e árduo que todos nós dispomos de alimentos seguros e de elevada qualidade. No entanto, os nossos agricultores estão a enfrentar desafios crescentes decorrentes da concorrência mundial e das alterações climáticas. É por isso que estamos agora a propor uma estratégia global que torna a agricultura mais atrativa, resistente e sustentável”. EDITORIAL A conjuntura internacional domina os mercados e afeta todos os setores, com especial relevância para os efeitos na essencial cadeia de valor agroalimentar. A instabilidade geopolítica numa Europa condicionada pelo conflito na Ucrânia agrava-se com a reeleição de Trump, e as tarifas impostas sobre materiais como o alumínio e o aço são retaliadas pela União Europeia com um pacote de medidas contra as importações dos EUA para a UE, incluindo na fileira dos cereais. A guerra comercial está instalada. Em destaque, nesta primeira edição da Agriterra em 2025, o Dossier ‘Mercado: Cereais’ que, para além de uma exaustiva análise à produção e comércio de trigo e de milho a nível mundial, a cargo da aestivum, dá voz a associações e produtores em Portugal, que comentam a escassez de autoaprovisionamento, a volatilidade dos preços e os crescentes riscos climáticos e exigências regulamentações ambientais. Em reportagem no 12.° Colóquio Nacional do Milho, realizado em fevereiro na Figueira da Foz, e numa coluna assinada pelo presidente da ANPROMIS, aprofundamos os desafios concretos que, neste contexto, se colocam ao setor nacional do milho. E, como sugere Jorge Dias, concluímos que os “quiet days are gone”… Numa altura em que o Governo apresenta a Estratégia Nacional 'Água que Une', cujo investimento pretende garantir a gestão sustentável deste recurso em todo o território nacional, nos próximos 15 anos, a Agriterra anuncia mais uma edição da sua Conferência Técnica do Olival, este ano dedicada à temática ‘O Futuro do Olival: Sustentabilidade e Tecnologia na gestão da água’. O encontro, agendado para o dia 23 de maio, no Évora Hotel, volta a reunir os profissionais ligados ao setor olivícola com o objetivo de gerar valor através da partilha de conhecimento e networking. Lamentando o afastamento, desde o primeiro momento, dos agricultores e das suas organizações da ‘mesa de negociações’ do PEPAC, o secretário-geral da CAP, analisa, em Opinião, os resultados de um programa “desajustado da realidade dos agricultores e alheio às dificuldades da agricultura portuguesa”. Para Luís Mira, o futuro “exige uma Administração mais consciente, responsável, articulada e colaborativa” na implementação de uma estratégia “robusta” e, diríamos nós, “efetiva”. Ainda a não perder, neste número, o Especial ‘Viticultura em Portugal’ onde fica a conhecer a importância de recuperar as castas autóctones nacionais e as vantagens e desvantagens das vinhas de regadio e de sequeiro. Boa leitura. Guerra comercial desafia mercados agrícolas

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.AGRITERRA.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Conhecida a vencedora da 5ª edição do Programa TalentA Como preparar as empresas portuguesas para os novos desafios? Iniciativa da Corteva e Confederação dos Agricultores de Portugal volta a destacar o talento rural no feminino, e distingue a impulsionadora do Café das Duas Ribeiras, na Terceira (Açores). Em Portugal, apenas um terço dos projetos agrícolas são liderados por mulheres. Daniela Lourenço é a vencedora da 5ª edição do Programa TalentA, pelo projeto Café das Duas Ribeiras, que pretende desenvolver a cultura do café na freguesia de São Bartolomeu de Regatos, na Terceira, Açores, recuperando a tradição do café nesta região. Com 37 anos e oriunda de uma família de agricultores, desde cedo demonstrou um profundo amor pela terra e pela agricultura, trabalhando com o pai e ajudando na quinta da família. Promovendo um projeto agrícola sustentável na região, lança em 2023 o Café das Duas Ribeiras, que abrange todos os aspetos da produção, transformação e comercialização do café, com a intenção de revitalizar esta atividade e fortalecer a economia local. O projeto aposta na utilização de práticas agrícolas responsáveis e na formação contínua em matéria de produção de café de qualidade. Já a empreendedora rural Telma Lourenço foi distinguida com um dos prémios de finalista, pela Quinta Vale do Tourão, que alia a tradição e a inovação num projeto pioneiro de transformação do leite de ovelha autóctone Churra Mondegueira em sabonetes artesanais. Esta raça em vias de extinção representa o compromisso do projeto com a preservação da biodiversidade local. O segundo prémio de finalista foi atribuído a Filipa Barros, com a Bubacaios, uma empresa inovadora que se dedica à valorização integral da castanha. A inovação neste projeto reflete-se no desenvolvimento de novos produtos, tais como snacks de castanha prontos a consumir, farinhas nutritivas e biomateriais derivados de subprodutos da castanha e do castanheiro, combinando tradição e modernidade. A Católica Lisbon School of Business & Economics lança, pelo 4º ano consecutivo, o seu programa executivo ‘Strategic Agribusiness Management’, iniciado em março. Esta aposta em formação para o setor do agronegócio visa dar uma resposta clara aos desafios da PAC e garantir o acesso às melhores e mais recentes ferramentas de gestão e inovação aplicadas ao setor. A Católica Lisbon School of Business & Economics é uma das escolas que tem apostado em formação para o setor do agronegócio e, pelo 4º ano consecutivo, lança o seu programa executivo ‘Strategic Agribusiness Management’, iniciado a 7 de março, para dar uma resposta clara aos desafios da PAC e garantir o acesso às melhores e mais recentes ferramentas de gestão e inovação aplicadas ao setor. Sob a direção do professor Filipe Ravara, é ministrado por uma equipa de docentes altamente especializados, composta por académicos e profissionais com ampla experiência no setor. Conta também com convidados de grande relevância do setor agrícola e agroalimentar, que integram as várias mesas redondas ao longo do programa. Adicionalmente, é um programa imersivo que, além das sessões presenciais em sala, engloba duas visitas de campo a explorações de referência agrícola e agroindustrial. O programa capacita gestores e empresários do setor agrícola com ferramentas estratégicas e operacionais, fundamentais para uma tomada de decisão informada. Aborda temas ligados à gestão, inovação, sustentabilidade, investimento, financiamento, risco, competitividade e internacionalização e prepara as empresas para os principais desafios e oportunidades do setor.

23 DE ABRIL 2025 | ÉVORA HOTEL, ÉVORA (PORTUGAL) CONFERÊNCIA TÉCNICA DO OLIVAL 2025 O FUTURO DO OLIVAL: SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIA NA GESTÃO DA ÁGUA PARCEIROS ESTRATÉGICOS: #Olival2025 9 EVENTOS II Conferência Técnica do Olival realiza-se a 23 de abril em Évora Sob o mote ‘O Futuro do Olival: Sustentabilidade e Tecnologia na gestão da água’, a II Conferência Técnica do Olival volta a reunir os profissionais ligados ao setor olivícola com o objetivo de gerar valor acrescentado através da partilha de conhecimento e networking. O evento realiza-se a 23 de abril, no Évora Hotel, e as inscrições já estão abertas. A II Conferência Técnica do Olival vai reunir no dia 23 de abril, no Hotel Évora, em Évora, vários especialistas empresariais, associativos e académicos com uma audiência de dezenas de agricultores, engenheiros agrónomos, técnicos e profissionais do setor. Depois do sucesso da Conferência realizada no ano passado, na Universidade de Évora, que registou cerca de 250 participantes inscritos, o encontro organizado pela Revista Agriterra para o setor olivícola dedica-se este ano à temática ‘O Futuro do Olival: Sustentabilidade e Tecnologia na gestão da água’. Dinamizada no âmbito dos Encontros Profissionais B2B da Induglobal, do Grupo Interempresas, com o suporte técnico da Fakoy, a Conferência Técnica do Olival conta com a parceria estratégica da Olivum - Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal. O objetivo, nesta segunda edição, é consolidar a partilha de conhecimento e networking, gerando valor acrescentado a todos os participantes através da análise e debate de um tema essencial à sustentabilidade económica e ambiental do setor olivícola: a gestão eficiente da água e as tecnologias de ponta e soluções inovadoras que o setor deve adotar para garantir a sua produtividade, de forma estratégica e em harmonia com o Programa ‘Água que Une’, também em discussão na II Conferência Técnica do Olival. Previstas, neste encontro sobre gestão empresarial e sustentável e tecnologias aplicadas à rega e ao regadio no cultivo da oliveira, estão já as temáticas: ‘A Água como elemento primordial da sustentabilidade no olival moderno’; ‘Inovação e tecnologias emergentes ao serviço da gestão da rega do Olival’; ‘Implicações das diretivas europeias na gestão empresarial de uma rega eficiente e sustentável em olival'; ‘Impacto da Estratégia Nacional ‘Água que Une’ na produção de Olival’; e ‘O impacto económico do Alqueva na escassez de água e no olival de regadio’. Questões essenciais ao setor que prometem garantir um debate transformador sobre práticas inovadoras na gestão eficiente da água em uma das culturas mais enraizadas em Portugal. n As INSCRIÇÕES são gratuitas, mas de registo obrigatório.

10 EVENTOS AGRO regressa em abril a Braga A edição de 2025 da AGRO – Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação, decorre entre os dias 3 e 6 de abril, no Forum Braga. O evento vai apresentar um vasto e diversificado programa de conferências e seminários e dinamizar um espaço dedicado a novidades e demonstrações. Esta edição contará com mais de 25.000m2 de exposição, dos quais 15.000m2 dedicados aos expositores. Aproveitando as valências do Forum Braga, a AGRO vai apresentar de novo um vasto e diversificado programa de conferências e seminários e, também, um espaço dedicado a demonstrações, apresentações e degustações. A AGRO junta os principais agentes do setor: agricultores, criadores de gado (raças autóctones e outras do setor agropecuário), produtores, importadores, armazenistas e revendedores dos setores agroalimentar e pecuário, especialistas nacionais e estrangeiros dos vários setores e público em geral. Esta é uma das mais importantes feiras de agricultura do Noroeste Peninsular, sendo a mais importante feira de agricultura, pecuária e alimentação do Norte de Portugal, e a única feira portuguesa a integrar a Eurasco – European Federation of Agricultural Exhibitions and Show Organizers. A AGRO faz ainda parte das feiras acreditadas pela UFI – The Global Association of the Exhibition Industry, sendo todos os seus dados estatísticos (entradas, metros alugados, número de expositores) devidamente atestados. SETORES PRESENTES: Agricultura e Pecuária Alfaias e Máquinas Agrícolas; Agricultura Biológica; Agro Químicos e Fertilizantes; Análises Laboratoriais; Bancos e Companhias de Seguros; Editores e Imprensa Especializada; Embalagens; Energia; Energias Renováveis; Entidades e Organismos Oficiais; Ensino e Investigação ligados ao Setor; Estufas; Florestas; Floricultura; Genética Animal; Horticultura; Jardinagem; Plantas e Viveiros; Madeiras Tratadas e Vedações; Nutrição Animal; Olivicultura; Orizicultura; Peças e Acessórios para Fins Agrícolas; Pecuária; Produtos Regionais; Serviços de Suporte; Sementes; Sistemas de Rega. Alimentação Azeites; Cervejas Artesanais; Chocolates/ Compotas/Doçaria; Conservas; Queijos; Produtos Regionais; Vinhos. Consulte aqui o Programa: https:// www.forumbraga.com/Feiras/Agro Os bilhetes podem ser adquiridos nas bilheteiras do Forum Braga ou no site oficial do evento. n DATAS E HORÁRIOS: • 3 de abril de 2025 - quinta-feira: das 10h00 às 23h00 • 4 de abril de 2025 - sexta-feira: das 10h00 às 24h00 • 5 de abril de 2025 - sábado: das 10h00 às 24h00 • 6 de abril de 2025 - domingo: das 10h00 às 20h00

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12 EVENTOS 41ª Ovibeja promove agricultura inovadora e sustentável ‘+ Agricultura + Futuro: Um pilar para a Inovação e Sustentabilidade na Agricultura’ é o mote que a organização da 41ª Ovibeja vai projetar de 30 de abril a 4 de maio. A Ovibeja tem vindo a afirmar-se como Plataforma Estratégica para o Futuro da Agricultura, enquanto evento essencial de reflexão e inovação. Destina-se a discutir o papel central da agricultura na economia global, segurança alimentar e preservação ambiental. Com o lema ‘+ Agricultura + Futuro’, a Ovibeja destaca-se como um espaço de resiliência, inovação e construção de pontes entre gerações, empresas e stakeholders comprometidos com o desenvolvimento agrícola sustentável, divulga a organização. As novas tecnologias estão com cada vez maior penetração e importância no mundo empresarial com ganhos a vários níveis, incluindo na eficiência. É com base nessa evidência que a organização da 41ª Ovibeja pretende apresentar e dar a conhecer as muitas plataformas digitais, o uso da inteligência artificial e as suas funcionalidades. A agricultura moderna é apresentada não apenas como uma prática tradicional, mas como um setor repleto de oportunidades económicas, científicas e tecnológicas. A Ovibeja desempenha um papel crucial ao posicionar a agricultura como um campo promissor e alinhado com os desafios do futuro, incentivando jovens profissionais e empreendedores a abraçar os desafios e as oportunidades do setor. A renovação geracional é vital, pelo que o evento vai promover debates, exposições e networking para atrair as novas gerações e posicioná- -las como líderes de uma agricultura mais inovadora e sustentável. De acordo com a organização, no centro das discussões e reflexões a Ovibeja tem como principais metas a inovação e a sustentabilidade, refletindo a necessidade de práticas agrícolas que conciliem produtividade e responsabilidade ecológica. Num contexto de mudanças climáticas, a Ovibeja destaca a importância de a agricultura se posicionar como um agente de transformação, que garante a produção de alimentos, mas também a preservação dos ecossistemas e a promoção da segurança alimentar, bem como a autonomia dos territórios e o fortalecimento das comunidades, reforçando a importância de estratégias agrícolas sustentáveis e resilientes. Como sempre, a Ovibeja oferece grande diversidade de expositores, com destaque para os stands empresariais e institucionais das mais diversas áreas de atuação, como máquinas, equipamentos e produtos agrícolas, a mostra e venda de artesanato ou o pavilhão do gado, com exemplares únicos de raças autóctones de ovinos, caprinos, suínos, bovinos. São esperados mais de mil expositores e cerca de 200 mil visitantes. A organização da 41ª Ovibeja pertence à ACOS – Associação de Agricultores do Sul. n

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14 EVENTOS 13º Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo A ANPM – Associação Nacional de Produtores de Mirtilo voltou a realizar o maior fórum dedicado à fileira em Portugal, desta vez no Fundão. O 13º Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo decorreu nos dias 6 e 7 de março. O Centro de Negócios e Serviços do Fundão foi palco, nos dias 6 e 7 de março de 2025, da 13ª edição do Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo. O evento voltou a reunir produtores, técnicos, investigadores nacionais e internacionais, consultores, fornecedores e comercializadores, afirmando-se como uma oportunidade para a interação e partilha de experiências entre os stakeholders desta fileira. Promovido pela ANPM – Associação Nacional de Produtores de Mirtilo, com o apoio da Câmara Municipal do Fundão e em colaboração com o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e o COTHN – Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional, este encontro realizou-se ao longo de um primeiro dia dedicado a um ciclo de palestras e sessões técnicas especializadas; e um segundo dia dedicado a seminários técnicos e comerciais, workshops e uma visita de campo com a apresentação de inovações agrícolas, incluindo demonstrações de tecnologias IoT aplicadas à agricultura, drones e automação. No programa debateram-se temas como os desafios técnicos da cultura em Portugal assim como as tendências de mercado e estratégias do exportador. No último dia do evento foi assinado um acordo de parceria para um campo de demostração de mirtilo no Fundão, em colaboração com a Câmara Municipal, e foi apresentado o Centro Agrotech e várias iniciativas no âmbito da inovação e tecnologias em contextos agrícolas. A edição deste ano contou com 26 expositores e registou mais de 350 participantes no evento números que, segundo a organização, superam os das edições anteriores. n

16 EVENTOS DigiFarm2all: Sustentabilidade e Democratização da Agricultura 4.0 Ação de capacitação sobre: 'O uso de dados na gestão de culturas' realizou-se no passado dia 27 de fevereiro, no 11º Encontro Nacional de Técnicos da Confagri. O DigiFarm2all tem a missão de capacitar técnicos e agricultores e esteve representado no 11º Encontro Nacional de Técnicos da Confagri, por cinco parceiros estratégicos, nomeadamente Confagri, SFCOLAB, ImpactWave, ADVID/ Colab Vines & Wines e Adega Cooperativa de Cantanhede, direcionando esta ação de capacitação para 'O uso de dados na gestão de culturas'. Como explica a organização, o primeiro momento focou-se no “papel das organizações no apoio ao agricultor para a utilização de dados na gestão das culturas”, sendo que as cooperativas desempenham um papel fundamental na digitalização do setor agrícola, permitindo que os pequenos e médios produtores acedam a tecnologias avançadas de forma mais acessível e eficiente. Foi também analisado o fornecimento de ferramentas de capacitação. Tendo uma abordagem holística, o consórcio focou-se na parte mais prática do projeto, com o objetivo de capacitar os presentes sobre como a integração de “pilotos IOT: sensores e plataforma” são utilizados para apoiar “o uso de dados na gestão da fertilização, rega e fitossanidade das culturas”, promovendo desta forma o apoio à tomada de decisão através da utilização de sensores de baixo custo. n

INOVAÇÃO NA AGRICULTURA COM ÁCIDOS FÚLVICOS ® VANTAGENS • Melhor assimilação do elemento químico; • Aumento da taxa de fotossíntese (+ clorofila); • Acelera a divisão celular; • Aumenta a vida microbiana dos solos; • Estimula o desenvolvimento radicular; • Menor lixiviação do elemento químico; • Mais retenção de Água; • Menor evaporação de Água. A TECNIFERTI® desenvolveu uma nova linha de fertilizantes líquidos com ácidos fúlvicos (AF) e com vários equilíbrios N, NK, NP, NPK, Cálcio, Magnésio e Carbono Orgânico. Os ácidos fúlvicos têm uma ação reconhecida no metabolismo e crescimento das plantas, influenciando a absorção e transporte de nutrientes. São solúveis em água e embora semelhantes estruturalmente aos ácidos húmicos, apresentam um menor peso molecular, maior quantidade de compostos fenólicos e de grupos carboxílicos e uma menor quantidade de estruturas aromáticas. Estas características conferem-lhes melhor solubilidade em água e maior capacidade de troca catiónica. A influência dos ácidos fúlvicos na estrutura física do solo ocorre através da maior retenção de água, melhoria do arejamento e por consequência maior resistência à erosão devido às suas partículas coloidais que são capazes de formar uma emulsão em contacto com a água. Como agentes complexantes desfavorecem a manutenção de iões metálicos na solução do solo promovendo a redução da toxicidade destes elementos. Os ácidos fúlvicos aumentam ainda o poder tampão dos solos reduzindo as variações de PH. FERTILIZANTE DENSIDADE (g/cm³) ** COMPOSIÇÃO ** Os valores apresentados podem oscilar (+/-) 0,02 g/cm AF Ácidos Fúlvicos PC Pobre em Cloretos

18 EVENTOS Concurso Nacional de Azeites de Portugal está de regresso Inscrições para a 19ª edição decorrem até 8 de abril. O Concurso Nacional de Azeites de Portugal – que vai na sua 19ª edição - tem como propósito distinguir lotes homogéneos de Azeite Virgem Extra, os Azeites com Denominação de Origem Protegida e os Azeites produzidos em Agricultura Biológica. 'As inscrições já abriram e decorrem até 8 de abril. Este ano, segundo a organização, serão atribuídos os prémios “Melhor do Mercado' aos Azeites comprados diretamente nos lineares do mercado nacional pela organização do Concurso; 'Azeite Virgem Extra Prestígio' ao lote que obtiver a maior pontuação final absoluta; e o 'Prémio Feira Nacional de Agricultura' ao lote com volume igual ou superior a 20.000 litros que obtenha a maior pontuação final absoluta. O Painel de Provadores Oficial do CNAP é composto pelos melhores oleólogos portugueses e por provadores estrangeiros de referência. Durante dois dias de provas cegas, este grupo de reputados especialistas na análise sensorial de Azeites prova, avalia e pontua os azeites portugueses apresentados a concurso. Coorganizado pelo Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL) e pelo Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), o Concurso Nacional de Azeites de Portugal tem como missão promover o sector oleícola português e valorizar os azeites e os produtores nacionais, impulsionando o reconhecimento público do que de melhor se faz na olivicultura portuguesa. O Concurso Nacional de Azeites de Portugal mantém a aposta nos produtores nacionais, constituindo a montra de excelência para os azeites nacionais. Os vencedores serão conhecidos durante a Feira Nacional de Agricultura, em Santarém. n Mais informações no site do concurso: https://www.concursonacionaldeazeite.pt/ C M Y CM MY CY CMY K

¹ Todas as máquinas são entregues sem óleo. ² A máquina deve estar em funcionamento. A condição da máquina será avaliada. ³ Falha devido a defeitos da máquina. PLANO DE RENOVAÇÃO: valorizamos a sua máquina usada2 SERVIÇO TÉCNICO PRÓPRIO PEÇAS SOBRESSELENTES EM STOCK SERVIÇO DE SUBSTITUIÇÃO GRATUITO durante a reparação em caso de avarias³ OPERAÇÃO SIMPLES TESTE DE FUNÇÃO ANTES DE CADA ENTREGA1 INCLUI MANUAIS DE UTILIZAÇÃO E INSTALAÇÃO CONFORME COM AS NORMAS CEE, TÜV e ISO 9001 2 ANOS DE GARANTIA MÁQUINAS DE PRENSAGEM Soluções imediatas para os clientes mais exigentes Distribuido por: CASTLE AGROINDUSTRIAL S.A. | C/Plata 33-C (Pol.Ind. San Cristóbal) - 47012 - Valladolid (España) | Tel: 983 217 326 hivall@hivall.com | www.hivall.com

A INOVAÇÃO QUE CULTIVA O FUTURO

OPINIÃO 22 Um PEPAC desajustado da realidade dos agricultores e alheio às dificuldades da agricultura portuguesa Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) O futuro exige uma Administração mais consciente, responsável, articulada e colaborativa. A avaliação dos resultados do PEPAC, que ainda não temos, é fundamental para garantir a definição de uma estratégia robusta. O Plano Estratégico da Política Agrícola Comum para Portugal (PEPAC) foi inicialmente estabelecido pelo anterior governo num processo que desconsiderou a vontade dos agricultores, numa relação já tensa da então ministra da Agricultura com as estruturas associativas que representam o setor, o que resultou num documento desajustado da realidade agrícola nacional, não permitindo a adesão dos agricultores aos requisitos formulados e aos apoios previstos. Devo salientar que a CAP teve conhecimento da aprovação do PEPAC pela comunicação social, o que confirma exatamente este afastamento em relação aos agricultores e às suas organizações, desde o momento inicial. De facto, todo o processo de elaboração do PEPAC padeceu de falta de transparência, de auscultação e de trabalho conjunto com o setor, o que não permite assegurar que aqueles a quem as políticas se destinam se revejam no plano que veio a ser adotado. Ainda assim, a CAP desenvolveu todas as diligências que estavam ao seu alcance para que a realidade fosse diferente e para que o PEPAC pudesse efetivamente constituir um plano para o setor e para os seus destinatários, os agricultores. Inicialmente, a Comissão Europeia emitiu um total de 340 recomendações dirigidas ao Ministério da Agricultura, designadamente em termos da Arquitetura Verde, correspondendo a grande parte das observações efetuadas pela CAP. Neste caso, seria expectável que o Plano fosse significativamente revisto, dando resposta às críticas mais contundentes formuladas pela Comissão, que aliás chegou a fazer depender a aprovação do PEPAC da adoção das solicitações formuladas, relativamente a questões ligadas ao ambiente, clima e biodiversidade. Já em outubro de 2024, perante a proposta para a terceira reprogramação do PEPAC, a CAP votou contra, justificando este voto de protesto com a atuação da Administração, altamente lesiva dos interesses dos agricultores portugueses, quer quanto à forma de condução da ‘auscultação’ desde o início da construção do PEPAC, quer em termos de conteúdo. Com efeito, não houve uma auscultação efetiva, acompanhada de verdadeiras 28/02/2025

OPINIÃO 23 reuniões de trabalho conjunto. Quanto ao conteúdo, as propostas da CAP não foram tidas em consideração e, não tendo sido devidamente analisadas, foram novamente ignoradas, à semelhança do que vem sucedendo desde o início deste processo. A proposta agora apresentada pela CAP no sentido de apoiar a pecuária extensiva, a ser financiada por via do acordado no âmbito da Concertação Social, foi totalmente ignorada, violando o Acordo e prejudicando os agricultores. Tratava-se de uma medida inovadora que, por um lado, procurava introduzir maior racionalidade no dimensionamento do efetivo, questão indispensável no quadro das alterações climáticas em curso e, por outro, constituir-se como motor de arranque para melhores práticas de maneio, já que a área de pastagem em Portugal corresponde a cerca de dois terços da Superfície Agrícola Utilizada (SAU), cerca de 2,5 milhões de hectares. Por outro lado, a grande alteração desta reprogramação, a passagem da Agricultura Biológica e da Produção Integrada para o segundo Pilar da PAC, é o reconhecimento de que a CAP estava correta quanto à manutenção destas duas medidas no segundo Pilar. Esta transferência, que foi agora proposta, ocorre por necessidade de a Administração resolver um problema por ela criado – ausência de financiamento necessário ao pagamento dos montantes previstos nestas medidas – penalizando e condicionando o investimento de forma muito séria, uma vez que é à custa dele que o pagamento destas duas medidas será assegurado. Assim, não posso deixar de considerar que se a proposta da CAP tivesse sido ouvida anteriormente, a situação acima descrita teria sido evitada: o valor do Apoio ao Rendimento Base (ARB) já pago teria sido superior e seria ainda de maior montante em 2026. Chegados, lamentavelmente, a este ponto, o futuro exige uma Administração mais consciente, responsável, articulada e colaborativa. E para que isto suceda a mudança tem de começar imediatamente. A avaliação dos resultados do PEPAC, que ainda não temos, é fundamental para garantir a definição de uma estratégia robusta. Diz o povo que o que nasce torto tarde ou nunca se endireita, mas os agricultores e a CAP não são de se resignar, pelo que continuamos a trabalhar para um PEPAC melhor, mais próximo e adequado aos agricultores. n

24 MERCADO: CEREAIS TRUMP E CLIMA TRAZEM INCERTEZA A MERCADOS MOVIDOS AO RITMO DAS MANCHETES Com a reeleição de Donald Trump e os riscos climáticos que afetam várias regiões produtoras em todo o mundo o equilíbrio global dos mercados de cereais e oleaginosas foi perturbado, aumentando a volatilidade dos preços. No caso do trigo, as perdas de produção dos principais exportadores na safra 2024/25 levaram a uma queda nos stocks finais, deixando pouca margem para contingências na nova colheita. Quanto ao milho, o relatório de janeiro do USDA revelou uma quebra na produção dos EUA que preocupa os operadores, e o de fevereiro reduziu as colheitas de milho na Argentina e no Brasil, afetadas pelo mau tempo. Para já, a procura de cereais não evolui, com alguns importadores relevantes com boas colheitas e a China a importar baixas quantidades de trigo e milho. E isto não é tudo. Estamos num mercado que compra e vende títulos de notícias, fortemente impulsionadas pelas tensões comerciais de Trump com a China, México e Canadá. Irá a UE ativar a tarifa sobre o milho dos EUA a 1 de abril de 2025 como punição pela imposição de tarifas sobre o nosso aço e alumínio? Também a resolução ou não do conflito na Ucrânia aumenta a incerteza nos mercados, uma vez que estes países desempenham um papel crucial no comércio mundial de cereais. O risco e a volatilidade estão no ar, num mercado que se move ao ritmo das manchetes dos jornais. Mercedes Ruiz e Diane de Kersaint

MERCADO: CEREAIS 25 MACROECONOMIA E GEOPOLÍTICA: QUAL É O IMPACTO NOS NOSSOS MERCADOS? O início de 2025 foi marcado pela tomada de posse de Trump como 47º presidente dos Estados Unidos. Desde a sua eleição, em novembro de 2024, os analistas mundiais têm alertado para o facto de as políticas implementadas por esta nova administração, embora não diretamente relacionadas com as matérias-primas, gerarem instabilidade e volatilidade nos mercados. Esta incerteza tem tido um impacto direto em vários indicadores económicos, como o euro/dólar, que tem sofrido flutuações significativas (Gráfico 1). A força da moeda americana trouxe firmeza aos preços dos cereais em euros; o mesmo milho, com um euro/dólar a 1,02, vale mais 15 eur/t do que com a taxa de câmbio a 1,09 do início de novembro de 2024. Desde a sua tomada de posse, a 20 de janeiro, multiplicaram-se as ameaças comerciais dos EUA, todas com um denominador comum: a luta contra a imigração e o tráfico de droga no país. Trump começou por ameaçar a Colômbia com retaliações comerciais, antes de chegar a um acordo com o Presidente colombiano Gustavo Petro. Em seguida, concretizou as suas ameaças contra o México e o Canadá, impondo tarifas até 25% sobre os produtos importados para os EUA provenientes destes dois países. Poucas horas antes da entrada em vigor destas medidas tarifárias, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum e o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, conseguiram negociar com Donald Trump uma suspensão de um mês dos direitos aduaneiros em troca do envio de forças armadas para a fronteira dos EUA. Embora estas ameaças ainda não tenham entrado em vigor, podem perturbar o comércio mundial de cereais e oleaginosas. O México é o maior importador mundial de milho dos EUA, sendo responsável por quase um terço das exportações de milho dos EUA (Figura 2). O Canadá exporta mais de 90% do seu óleo de colza (canola) para os Estados Unidos. Se estes países não conseguirem chegar a um acordo antes do final do mês, Trump aplicará direitos aduaneiros de 25%, e o México e o Canadá já anunciaram a sua intenção de introduzir direitos defensivos equivalentes. Enquanto o México, a Colômbia e o Canadá conseguiram negociar com a Casa Branca a suspensão das ameaças, a China impôs tarifas de até 10% aos seus produtos desde 4 de fevereiro. Depois de ter apresentado uma queixa junto da OMC, Xi Jinping respondeu ao presidente dos EUA impondo um imposto de 15% sobre as importações americanas de carvão e gás natural liquefeito. Embora o fluxo de produtos agrícolas não tenha sido afetado por estas medidas, a China continua a ser o maior importador mundial de soja dos EUA e qualquer alteração nesta relação comercial poderá ter repercussões importantes no equilíbrio global do setor. Trump deverá continuar a utilizar as suas técnicas não convencionais para “proteger o mercado americano”. Entre 2017 e 2021, durante o seu primeiro mandato, introduziu direitos aduaneiros sobre o alumínio e o aço europeus, aos quais a UE respondeu com um direito de 25% sobre o milho americano. Depois de ter sido alcançado um acordo sobre um sistema de quotas, ou contingentes TARIFÁRIOS, que abrangia o comércio de aço e alumínio, a tarifa sobre o milho dos EUA foi desativada até 31 de março de 2025. Mas, a 10 de fevereiro, Trump anunciou Gráfico 1. Variação do euro/dólar desde a chegada de Trump. Fonte: BCE. Gráfico 2: México, o principal importador de milho dos EUA. Espanha, o sexto. Fonte: StoneX. Gráfico 1: Variación del eurodólar desde la llegada de Trump Fuente: BCE 1,0299 1,0426 1,0198 1,053 1,0274 1,0478 Gráfico 2 : México primer importador del maíz EEUU, España el sexto Fuente: StoneX

MERCADO: CEREAIS 26 a imposição de tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio europeus, tendo a Comissão Europeia respondido que estamos preparados para defender os nossos interesses económicos, o que deixa a porta aberta à ativação desta tarifa que significaria mais de 50 eur/t sobre o preço do milho norte-americano, uma questão que este ano se tornou essencial para a Europa, face a uma colheita curta e problemas de qualidade do milho, além da grande procura pelo milho ucraniano. Desde o início da campanha 2024/25, a UE importou 2,25 milhões de toneladas de milho americano, contra 110.000 toneladas no ano passado, na mesma data. A Espanha é o sexto destino do milho americano. FUNDOS, ACELERADORES DE TENDÊNCIAS Todas estas medidas comerciais, juntamente com os movimentos do euro/dólar, estão a criar uma grande incerteza nos mercados agrícolas. O regresso da volatilidade, juntamente com uma visão inflacionista dos produtos de base com o efeito das tarifas nos EUA, incita os fundos a aumentar a sua atividade, o que acentua as variações de preços. De facto, estes fundos atuam como ‘aceleradores de tendências’, tendo atualmente uma posição muito longa (comprada, à espera de uma subida) no milho, e muito curta (vendida, apostando numa descida) em todos os trigos. Isto significa que qualquer nova informação de mercado que os leve a alterar as suas posições pode ter um forte efeito nos preços mundiais devido ao efeito de compra. COMEÇA O PERÍODO DO ‘MERCADO METEOROLÓGICO’ O período atual é crucial para o desenvolvimento das culturas de milho e para o início da colheita de soja na América do Sul. No entanto, desde dezembro a região teve de enfrentar uma série de riscos climáticos. A Argentina tem enfrentado um clima extremamente quente e seco, enquanto as chuvas incessantes no Brasil têm impedido os agricultores de trabalhar nos seus campos. Por um lado, a situação na Argentina tem sido particularmente preocupante, com temperaturas acima dos 40 graus e, embora as chuvas recentes tenham melhorado um pouco as condições, a Bolsa de Valores de Buenos Aires reviu em baixa as suas estimativas de produção de milho e soja em 1 milhão de toneladas, para 49 Mt e 49,6 Mt, e a Bolsa de Valores de Rosário em -2 Mt, para 46 Mt de milho e 47,5 Mt de soja. No seu último relatório, o USDA também reduziu a colheita de milho em 1 milhão de toneladas, para 50 milhões de toneladas, e a colheita de soja em 3 milhões de toneladas, para 49 milhões de toneladas, o que também desincentiva os agricultores argentinos a exportar. No Brasil, terceiro maior produtor mundial e segundo maior exportador de milho, o início do ano marca o início da plantação da segunda e principal cultura de milho do país, a ‘Safrinha’, bem como o início da colheita de soja. As fortes chuvas que caíram desde o início de 2025 deixaram os agricultores com pouco tempo para trabalhar. No final de janeiro, apenas 11,8% das áreas de milho tinham sido semeadas, em comparação com 20% no ano passado, na mesma altura. Os maiores atrasos na sementeira registaram-se em Mato Grosso, a maior região proOs fundos de investimento atuam como ‘aceleradores de tendências’ e têm atualmente uma posição muito longa (comprada, à espera de uma subida) no milho e uma posição muito curta (vendida, apostando numa descida) em todos os trigos

MERCADO: CEREAIS 27 dutora do Brasil. No entanto, a época ainda é longa, uma vez que as últimas plantações tiveram lugar no final de março do ano passado. Apesar desses atrasos, as estimativas de produção permanecem em níveis elevados, com o USDA a projetar 126 Mt de milho, enquanto a CONAB aumentou sua estimativa de produção de milho em 2,5 Mt para 122 Mt. O aspeto fundamental do milho passou de uma situação relativamente confortável para uma situação de tensão, especialmente após a publicação do relatório de janeiro do USDA, que reviu em baixa a produção de milho dos EUA em 7 milhões de toneladas, em relação a dezembro. Em fevereiro, a produção mundial desceu novamente, em 2 Mt, para 1212 Mt (-5,6 Mt em relação a dezembro). Ao mesmo tempo, o consumo interno global aumentou para 1238 Mt, deixando os stocks finais em 290,3 Mt em fevereiro, 25,5 Mt abaixo do nível de 2023/24, e o nível mais baixo dos últimos dez anos (Gráfico 3). Nesta situação de tensão, o preço do milho no armazém do porto de Tarragona está próximo da média dos últimos cinco anos, a 243 eur/t, depois de ter atingido 205 euros no final de agosto de 2024 (Gráfico 4), com o trigo ligeiramente mais caro, mas ainda competitivo, a 250 eur/t. No mercado do trigo, as temperaturas negativas nos EUA apoiaram principalmente os preços, dado o risco de ‘winter-kill’ em janeiro. Na Europa, os solos franceses e alemães foram saturados por fortes chuvas no final de janeiro, a exemplo do ano passado, o que suscita dúvidas quanto à nova colheita, embora, de momento, a área cultivada com cereais de inverno em França tenha aumentado 0,43 Mha para 6,35 Mha, mais 10% para o trigo mole, em comparação com o ano passado. Em Espanha, as sementeiras de cereais de inverno correram muito bem, com um aumento de 26,4% da superfície de cevada de seis linhas e ligeiros aumentos para o resto dos cereais de inverno, exceto a aveia, o que significa que, de momento, e sabendo-se que a colheita é em abril e maio, apostamos numa colheita média. Finalmente, a situação na Rússia, o maior exportador mundial de trigo, continua a ser acompanhada de perto, com um início de inverno muito suave, deixando as culturas sem cobertura de neve e uma significativa falta de humidade durante as sementeiras de outono, o que já está a levar os analistas a pensar numa colheita semelhante à deste ano (80 Mt) com pouco potencial para voltar aos mais de 90 milhões que tiveram em 2022 e 2023. Prevê-se que as temperaturas desçam nas próximas semanas, expondo as culturas a riscos de geada. A deterioração destas culturas poderá significar que a produção de novas colheitas não será suficiente para repor os stocks finais a níveis normais. De acordo com o USDA, a produção russa caiu de 91,5 milhões de toneladas em 2023/24 para 81,5 milhões de toneladas em 2024/25, enquanto a Europa registou a sua pior colheita desde 2007/2008, com apenas 121,3 milhões de toneladas, resultando na queda dos stocks finais nestes dois grandes exportadores. As últimas estimativas do USDA revelam um terceiro ano consecutivo de diminuiFigura 3. Produção dos principais exportadores de milho (Mt). Fonte: USDA 11/02/2024. Percentagens de preço do milho fora de armazém em Tarragona (eur/t) 2020-2025. O preço mantém-se nos 50% mais elevados dos últimos cinco anos, 1 euro acima da média. Fonte: Mercolleida. Gráfico 3: Producción de los principales exportadores de maíz (Mt) Fuente: USDA 11/02/2024 23,3 28,0 24,1 35,8 35,9 30,3 42,1 27,0 32,5 26,5 345,5 384,8 371,1 363,8 344,7 357,8 381,5 346,7 389,7 377,6 34,5 42 37,3 55,5 54,5 55 52 37 50 50 67 98,5 82 101 102 87 116 137 122 126 0,0 100,0 200,0 300,0 400,0 500,0 600,0 700,0 2015/2016 2016/2017 2017/2018 2018/2019 2019/2020 2020/2021 2021/2022 2022/2023 2023/2024 2024/2025 South Africa Ukraine United States Argentina Brazil World ending stocks Gráfico 5 : Percentiles de precios maíz salida almacén Tarragona (eur/tm) 2020-2025 Fuente: Mercolleida El precio continúa en el alto 50% de los últimos 5 años, 1 euro por encima de la mediana. 155 175 195 215 235 255 275 295 315 335 355 375 395 415 435 8-2020 21-2020 34-2020 47-2020 7-2021 20-2021 33-2021 46-2021 7-2022 20-2022 33-2022 46-2022 7-2023 20-2023 33-2023 46-2023 7-2024 20-2024 33-2024 46-2024 Alto 10% Bajo 10% Alto 30% Bajo 30% Mediana €/tm Semana

MERCADO: CEREAIS 28 ção dos stocks finais de trigo para os oito principais exportadores, de 65,6 milhões de toneladas em 23/24 para 60,9 milhões de toneladas em 24/25, o que contribuiu para o aumento dos preços e poderá estimular a procura antes do final da campanha (figura 5). Por último, será importante acompanhar de perto a situação na Índia, que está a enfrentar um período de seca. Embora a Índia seja autossuficiente em trigo e não importe trigo desde 2016, os seus stocks finais estão ao nível mais baixo dos últimos três anos, abaixo de 10 Mt. Embora a produção esteja estimada num recorde de 113 Mt de acordo com o USDA, há pouca margem para uma queda na produção devido ao aumento da população do país. O regresso da Índia às compras poderá também ter um efeito de alta nos preços. MENOS CEREAIS PARA EXPORTAR DA UCRÂNIA Desde o início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, as exportações ucranianas de cereais para a Europa aumentaram significativamente, graças à liberalização do comércio entre os dois territórios e à suspensão das quotas europeias de importação de cereais ucranianos. De facto, na atual campanha, a Espanha é o principal importador de trigo ucraniano e o terceiro maior importador de milho, e para nós a Ucrânia é a principal fonte de importação destes dois cereais. No entanto, para a colheita de 2024/25, as últimas estimativas do Ministério da Agricultura ucraniano indicam uma queda nos volumes disponíveis. Estima-se que a produção de cereais (trigo, milho, cevada e arroz) seja 13% inferior à da época anterior, devido às temperaturas elevadas do passado mês de julho. Ao mesmo tempo, os stocks iniciais para a atual estação estão em níveis baixos, após uma queda de 26 por cento nos stocks finais entre as estações de 2022/23 e 2021/22. Isto afeta particularmente o milho, cuja produção caiu 24% (-6,5 Mt) em relação ao ano passado para 24,6 Mt, de acordo com o representante do USDA em Kiev. Além disso, os stocks iniciais de milho, estimados em Kiev em 0,714 milhões de toneladas em outubro de 2024, são consideravelmente inferiores aos 2,8 milhões de toneladas registados em outubro de 2023. Estes dois fatores deverão conduzir a uma redução das exportações de milho de cerca de 10 milhões de toneladas num ano. Apesar desta queda projetada, entre outubro e dezembro de 2024, a Ucrânia já exportou 7 Mt das 19,5 Mt estimadas, o que representa Figura 5. Stocks finais vs. utilização dos 8 maiores exportadores de trigo (Mt). Fonte: USDA 11/02/2025. Grafico 6: Inventarios finales contra uso- 8 principales exportadores de trigo (Mt) Fuente: USDA 11/02/2025 73,8 48,5 42,7 66,0 80,7 76,6 71,9 53,8 58,4 69,0 67,7 76,5 77,1 70,4 63,6 60,8 63,2 69,6 65,6 60,9 21,5% 14,5% 13,1% 17,7% 22,7% 22,3% 18,9% 15,5% 15,8% 18,3% 17,2% 18,7% 18,9% 18,1% 15,6% 14,7% 15,4% 16,2% 15,4% 14,6% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2005/2006 2006/2007 2007/2008 2008/2009 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015 2015/2016 2016/2017 2017/2018 2018/2019 2019/2020 2020/2021 2021/2022 2022/2023 2023/2024 2024/2025 Inventarios finales (Mt) Stock to use (%) Figura 6. Milho Ucrânia (Mt). Fonte: USDA 11/02/2025. Gráfico 7 : Maíz Ucrania (Mt) Fuente: USDA 11/02/2025 35,9 30,3 42,1 27,0 32,5 26,5 28,9 23,9 27,0 27,1 29,5 22,0 1,5 0,8 7,8 3,0 1,1 0,6 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 2019/2020 2020/2021 2021/2022 2022/2023 2023/2024 2024/2025 Producción Exportaciones CO A diminuição dos stocks finais de trigo dos oito principais exportadores mundiais contribuiu para o aumento dos preços e poderá estimular a procura antes do final da campanha

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