BA15 - Agriterra

50 CULTIVO: CEREJA Cerfundão aposta em programa ambicioso de Resíduo Zero A campanha da cereja em 2023 correu bastante mal devido às condições climáticas nos períodos de floração, vingamento e colheita. Para 2024, ainda é cedo fazer previsões, pois “as cerejeiras estão a sair do seu período de dormência”, diz, em entrevista, Filipe Costa, gerente da Cerfundão. A definição de uma boa ou má campanha, como sempre, está dependente das condições climáticas dos próximos meses. Entretanto, a organização preocupa-se com a sustentabilidade, estando a iniciar um programa de Resíduo Zero. A Cerfundão é uma sociedade por quotas e uma organização de produtores que integra 25 sócios produtores. No conjunto detêm 300 hectares (ha) de cerejeiras, 150 ha de pessegueiros, 40 ha de macieira, 30 ha de pereiras e 20 ha de marmeleiros. O objetivo da Cerfundão é agregar valor aos sócios ligados à fileira da fruta na região da Cova da Beira, uma sub-região histórica portuguesa que faz parte integrante da Beira Interior, abrangendo o distrito de Castelo Branco e a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela. O peso da cereja é grande, pelo que a Agriterra procurou aferir junto de Filipe Costa, gerente da Cerfundão, qual o estado deste cultivo e quais as perspetivas para o futuro. 60% da área de cerejeira representada pela Cerfundão está em plena produção, com um potencial produtivo, em condições climáticas adequadas para o desenvolvimento equilibrado da cultura, de 1.100 toneladas. 2023 foi um ano mau para a cereja. Perspetivas para 2024 ainda não existem, pois as cerejeiras ainda estão em fase de dormência e dependentes das condições climáticas dos períodos de floração, vingamento e colheita. A colheita das cerejas acontece entre maio e julho. QUEBRAS DE PRODUÇÃO EM 2023 APROXIMARAM-SE DOS 60% Sobre a campanha de 2023, Filipe Costa recorda que “correu bastante mal”, devido às condições climáticas adversas, quer nos períodos de floração e vigamento, quer posteriormente, durante a colheita. “As quebras globais de produção foram muito próximas dos 60% devido ao impacto que teve a formação de geadas e alguns dias com elevadas temperaturas durante a floração, que ficou mediada entre a última quinzena de março e a primeira quinzena de abril”. O gerente da Cerfundão explica que “estas elevadas oscilações térmicas prejudicaram a polinização e por consequência, o vingamento das cerejeiras”. Algumas variedades tiveram vingamentos reduzidos e, nalguns casos, houve mesmo ausência de produção. Segundo o responsável, estas circunstâncias viriam a ter um “forte impacto negativo na rentabilidade da própria operação da colheita e na escassez de oferta de cereja nos mercados”. Em plena campanha, o azar voltou a bater à porta, pois “no início de junho, tivemos cerca de 80 mm de precipitação durante três dias, o que

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