BA14 - Agriterra

FITOSSANITÁRIOS 77 A capacidade de penetração e a cobertura das gotas que saem dos bicos para a copa dependerão da forma, tamanho e densidade da árvore. Quanto maior for a copa e/ ou mais espessa for a massa foliar, maior é a possibilidade de retenção das gotas, embora, por outro lado, mais difícil é a penetração das partículas pulverizadas na vegetação. Por essa razão, muitos agricultores costumam selecionar pulverizadores hidráulicos de jato transportado (atomizadores) equipados com um sistema de ar que empurra e direciona as gotas para a copa e agita os ramos e as folhas para facilitar a penetração, criando turbulência para ajudar a homogeneizar a distribuição das partículas. No entanto, muitas vezes opta-se por trabalhar com caudais de ar elevados ou por escolher pulverizadores com ventiladores de grandes proporções para garantir a penetração total do produto entre as folhas. Ao mesmo tempo, estes pulverizadores trabalham com um volume de aplicação constante que, na maioria dos casos, se baseia mais na própria experiência do técnico ou do agricultor do que nas propostas de adaptação em função das dimensões da vegetação, tal como recomendam as Boas Práticas Agrícolas [8]. Por conseguinte, tendo em conta a elevada variabilidade existente entre as árvores de uma mesma plantação [9], o volume de aplicação constante selecionado e a regulação inadequada do ar, não é possível obter um tratamento correto para os olivais e vinhas em diferentes momentos da campanha, o que provoca aplicações excessivas e uma cobertura desigual sobre as folhas [10]. Tudo isto pode ser agravado se não se utilizar corretamente o equipamento de ventilação [11] ou se as aplicações forem feitas em zonas onde não exista vegetação da copa, o que resulta em perdas desnecessárias de produto. Para atenuar os problemas anteriores, recorre-se às aplicações de volume variável (VRT), nas quais a máquina está equipada com um sistema inteligente para reconhecer as características da vegetação e, assim, poder aplicar um caudal adequado, aumentando a eficiência dos tratamentos sem reduzir a eficácia biológica [12]. Estes sistemas partem da identificação prévia das características geométricas da copa para onde são dirigidas as gotas numa dose adequada. O perfil do líquido é melhor ajustado à forma e densidade da estrutura arbórea, evitando a utilização de mais produto do que o necessário e reduzindo as perdas fora do objetivo. A tecnologia VRT pode ser baseada em sensores ou em mapas de prescrição. No primeiro caso, são utilizados os conhecidos sensores de deteção de presença de vegetação arbórea, como os sensores de ultrassons [13] ou os dispositivos laser [14]. No segundo caso, parte-se da obtenção de imagens com sensores de controlo remoto, tais como câmaras a bordo de drones ou os próprios satélites. Esta metodologia demonstrou ser fiável, precisa e acessível [15], permitindo cartografar grandes extensões com alta resolução espacial e a sua posterior utilização para elaborar os mapas. Por fim, o atomizador é equipado com um computador de bordo, que integra a informação dos mapas, permitindo o controlo automatizado do caudal [16-19]. No que diz respeito ao sistema de controlo de fluxo, para que os bicos produzam caudais variáveis, existe o inconveniente de que a modificação baseada nas alterações de pressão requer um tempo de adaptação do regime hidráulico e, além disso, o tamanho da gota pode variar. Em alternativa, existem válvulas de modulação de largura de impulso (PWM) que permitem um controlo mais rápido do fluxo intermitente nos bicos, mantendo-se a pressão de trabalho correspondente [20-23]. O projeto PIVOS (PID2019-104289RB) é um projeto espanhol, financiado pelo Ministério da Ciência e Inovação de Espanha, que concebeu um sistema de pulverização inteligente, com tomada de decisões baseada na leitura de mapas e regulação de caudal com válvulas PWM (www.pivos.upc.edu). Este sistema foi implementado em dois atomizadores comerciais destinados à realização de tratamentos fitossanitários em olival e vinha. A presente comunicação resume o trabalho realizado até à data, bem como as perspetivas de um novo projeto, ADOPTA (PDC2022-133395), derivado do anterior e destinado à prova de conceito dos equipamentos desenvolvidos. Neste projeto, que também conta com o apoio do Ministério da Ciência e Inovação, serão avaliados os benefícios e a capacidade de aplicação destes novos protótipos em colaboração com agricultores e em condições reais de funcionamento. GRUPOS DE INVESTIGAÇÃO INTEGRANTES Tanto o projeto PIVOS (Pulverização inteligente para uma vinha e olival sustentáveis (PIVOS), do concurso de 2019 para projetos de I+D+i do Ministério da Ciência e Inovação, como o projeto ADOPTA (Adoção de novas tecnologias para a redução de produtos fitossanitários - Drones e satélites para aplicação variável em plantações de vinha e olival), do concurso de 2022 para Provas de Conceito do mesmo Ministério, são liderados pelo “Grupo de Investigación de la Unidad de Mecanización Agraria” (https://uma.deab.upc.edu/es) da Universitat Politècnica de Catalunya (UPC). Este grupo coordena as suas próprias atividades e as de três outros grupos membros de ambos os projetos: o “Laboratorio de Maquinaria Agrícola de la Universidad de Zaragoza (http://lamagri.unizar.es/), o ”Laboratorio de Robótica Agrícola da Universidad Politécnica de Valencia (https://www. agriculturalroboticslab.upv.es/) e o “Grupo AGR 126 'Mecanización y

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