BA14 - Agriterra

OPINIÃO 49 com a Agromillora, empresa responsável pela multiplicação e obtenção de plantas de qualidade, tem sido vista pelos 'players' do setor olivícola como uma oportunidade para a diversificação e diferenciação dentro de um mercado que até há pouco tempo poucas soluções apresentava no que a este aspecto diz respeito. LECCIANA É conhecido o posicionamento da Itália no que ao mercado dos azeites diz respeito, é o o país que mais valoriza a obtenção e comercialização de azeites de qualidade. A variedade Lecciana deu um contributo neste sentido, já que viria a ser a primeira variedade de orgiem italiana adapatada ao olival em sebe. Produz um azeite muito valorizado do ponto de vista organoplético, mantém as suas características de qualidade ao longo de todo o ano e possui alta concentração em polifenóis (normalmente o dobro da Arbequina) e ácido oleico, que garantem a sua estabilidade como AVE. É, sobretudo, um azeite apreciado pela sua complexidade, capaz de conter notas de picante, amargo e frutado. O vigor é semelhante ao da variedade Arbequina e o seu sistema radicular bem desenvolvido torna-a muito rústica, recomendável para condições de sequeiro/rega deficitária ou para produção em modo biológico. Conserva a turgescência do fruto apesar da falta de água no Verão. O seu rendimento em azeite é igual ou superior ao da Arbequina. No que diz respeito à resistência ao frio, demonstra um comportamento melhor do que todas as outras variedades até agora adaptadas ao olival em sebe. CORIANA É uma variedade em que o azeite é caracterizado pelo seu amargo e picante, derivado da alta concentração em polifenóis. A sua concentração em ácido oleico é superior à da variedade Arbequina, tal como o seu rendimento em azeite. Revela-se muito interessante para obtenção de lotes monovarietais, podendo, nalguns casos, ser utilizada como 'melhorador' daqueles AVE que possam ter perdido as suas características organolpéticas ao longo do ano. Demonstra todo o seu potencial produtivo em condições de regadio. Muito precoce e com rápida entrada em produção, o seu período juvenil é de apenas dois “verdes ou primaveras”. Sendo muito indicada para zonas com disponibilidade hídrica suficiente, a Coriana permite obter um AVE com excelentes características organopléticas (picante e amargo), proporcionando uma alta produtividade, com a vantagem de ultrapassar os requisitos da EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) para a obtenção de azeites saudáveis (>250 ppm - polifenóis). É interessante ver como a medicina tem um papel importante na olivicultura moderna e a forma como, através de conhecimento científico, tem ajudado a valorizar a gordura vegetal mais saudável que existe: sabe-se que o azeite é composto na sua maioria por ácidos gordos monoinsaturados, aproximadamente 70%, entre os quais se salienta o ácido oleico. Existem outros componentes igualmente importantes, como as vitaminas E e A, além de outros compostos fenólicos, que lhe conferem propriedades antioxidantes, com interesse para a saúde humana. Existem, nos dias de hoje, bastantes evidências científicas sobre os polifenóis e a sua relação com a saúde: segundo diversos estudos da EFSA, o consumo de AVE reduz o risco de incidência de doenças cardiovasculares, se a sua concentração em polifenóis for superior a 250 mg/kg (polifenóis totais). Esta característica deve ser valorizada, já que faz do AVE a mais saudável de todas as gorduras vegetais que existem. Não é descabido pensar num futuro, não muito longínquo, onde os azeites do tipo Arbequina/Arbosana, com concentração polifenólica inferior a 250 mg/kg e menos estabilidade, tenham uma cotação inferior a outros que proporcionem mais segurança ao comercializador do ponto de vista da estabilidade e/ou características organolépticas. Os azeites obtidos pelas novas variedades serão ao mesmo tempo mais procurados e exclusivos, pelo facto de haver menos oferta. Muitas variedades irão surgir nos próximos tempos e certamente irão mudar o panorama olivícola mundial. A constante inovação tem caracterizado este setor nos últimos anos, permitindo a empresas como a Agromillora e a HidroIbérica desenvolverem a sua experiência e ampliarem os seus campos de atuação, não restando dúvida sobre o empoderamento do olival em sebe. n

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