BA14 - Agriterra

OPINIÃO 47 estreita de colaboração com a HidroIbérica, uma PME versátil e ágil, que ajuda agricultores, jovens agricultores e empresários a concretizarem projetos com serviços “Chave na Mão”, fez com que estas duas empresas tenham tido, e continuem a ter, um papel importante na modernização da olivicultura em Portugal. Os serviços desta parceria estimulam a proximidade entre o saber técnico e o objetivo do cliente, permitindo a tomada de decisões de acordo com as circuntâncias e particularidades de cada projecto. Como tem evoluído o olival em sebe e quais os aspectos positivos e negativos deste modelo? Provavelmente a escolha da variedade foi a decisão que maior impacto causou, já que, desde 1994 até aproximadamente 2014, a grande maioria dos olivais instalados em sebe, também nos projectos apoiados pela Hidro-Ibérica e a Agromillora, foram feitos recorrendo à variedade Arbequina. Naquela altura era a que reunia as características mais indicadas para se poder adaptar ao modelo em sebe, tendo sido a impulsionadora da olivicultura moderna. Ainda hoje, é a variedade mais popular e com mais superfície plantada neste sistema. Anos mais tarde, a variedade Arbosana ganhou notoriedade. Depois de quase 'abandonada', tornou-se na variedade de eleição para o modelo em sebe. O seu vigor reduzido (30%-40% inferior à Arbequina), produtividade constante e adaptabilidade a este modelo, fizeram com fosse uma escolha adequada. No olival em sebe, o facto da colheita se tornar num processo simples e rápido, feito no momento óptimo de maturação da azeitona, beneficia em muito a qualidade do produto final. Não é por acaso que o olival em sebe representa aproximadamente 6% da superfície mundial total ocupada pelo olival e é a partir deste que já se obtém cerca de 35% do AVE (Azeite Virgem Extra) total mundial. Além de todos os aspectos técnicos que se foram desenvolvendo para se conseguir produzir um AVE de qualidade a partir deste modelo, percebeu-se que o fator varietal desempenha um papel importante neste aspecto. Existem variedades que dão origem a azeites com mais concentração em polifenóis e ácido oleico, portanto mais estáveis, e outras que nem tanto. Os polifenóis são responsáveis por transmitir as características organolépticas conhecidas como picante e amargo, tornando os azeites mais estáveis e resistentes à oxidação. Em Espanha são variedades como a Picual, a Hojiblanca ou a Cornicabra que permitem obter estes azeites e, em Portugal, podem ser a Cobrançosa, Cordovil ou Verdeal. É aqui que reside o ponto mais fraco do olival em sebe: obtêm-se anualmente milhares de toneladas de apenas um tipo de azeite (Arbosana/Arbequina), com características organolépticas de baixa intensidade em amargos e picantes, baixa concentração em polifenóis e pouca estabilidade. São azeites que vão perdendo o interesse comercial ao longo do ano por estas razões. Rapidamente se percebeu a necessidade de abrir o leque de variedades para se poderem obter azeites mais estáveis e com mais interesse comer-

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