Com a colheita da azeitona praticamente concluída, os cenários são regionalmente heterogéneos.
De uma forma geral, no início do ciclo, e após uma boa floração, o vingamento não decorreu nas melhores condições e a carga de frutos inicial foi inferior à da campanha anterior.
No entanto, no interior Norte e Centro, a precipitação que ocorreu próximo do final do ciclo produtivo dos olivais conduziu a um aumento do calibre da azeitona, proporcionando uma recuperação em muitos olivais tradicionais de sequeiro, perspetivando-se aumentos de produção face a 2019.
Pelo contrário, no Alentejo, região onde os olivais modernos de regadio têm um peso muito significativo (e, consequentemente, a influência da ocorrência de precipitação na produção final é muito menor), foram as condições iniciais, nomeadamente o vingamento, que determinaram a evolução da campanha, menos produtiva que a anterior.
Globalmente estima-se uma diminuição de 25% da produção de azeitona para azeite, face a 2019. De salientar que, apesar do rendimento da azeitona em azeite (funda) ser menor que o alcançado no ano anterior, o produto final apresenta qualidade organolética e química dentro dos parâmetros normais.
Não obstante a diminuição registada, a produção permanece a níveis bastante elevados (será, previsivelmente, a sexta maior produção das últimas 80 campanhas), continuando claramente a evidenciar o fenómeno de safra/contrassafra (manifestação de alternância produtiva anual).
Os prados, pastagens e culturas forrageiras registaram um desenvolvimento vegetativo residual, habitual no inverno devido às baixas temperaturas e formação de geadas. O início de ciclo decorreu com normalidade, com boa germinação e povoamentos homogéneos, embora algumas pastagens mais sensíveis ao frio (por exemplo, com mais luzerna) apresentem uma coloração acastanhada.
Como é comum nesta altura, a matéria verde das pastagens é insuficiente para suprir totalmente as necessidades forrageiras dos efetivos pecuários explorados em regime extensivo, sendo por isso suplementados com fenos, palhas, silagens e/ou alimentos concentrados, em quantidades que se consideram normais para a época do ano e muito semelhantes ao registado em igual período do ano anterior.
As sementeiras dos cereais de outono/inverno foram condicionadas pelos períodos de precipitação de novembro e dezembro, registando-se a interrupção destas operações quando as condições não eram agronomicamente aceitáveis (solos encharcados). Apesar disso, prevê-se que a área semeada seja semelhante à da campanha anterior para o trigo, triticale, cevada e aveia, e que registe uma diminuição de 5% no centeio.
Estas previsões apontam para uma tendência de estabilização da área semeada de cereais de inverno que, desde 1986, decresceu a um ritmo médio anual próximo dos 6%.