A associação ambientalista Quercus lançou, há poucos dias, o primeiro episódio de uma série de vídeos que traça o cenário atual de vários problemas e práticas que afetam gravemente a saúde das plantas e ecossistemas em Portugal e aponta soluções.
Com todas as atenções concentradas na Covid- 19, “a saúde vegetal tem estado à margem da agenda política passando praticamente despercebido o Ano Internacional da Saúde das Plantas (ou da Fitossanidade)”, assinalado neste ano de 2020. “No entanto existem vários motivos de grande preocupação em Portugal: o declínio do montado, as monoculturas de espécies florestais, a agricultura química intensiva, a má gestão do arvoredo urbano e a desmatação indiscriminada nas faixas de gestão de combustível”, lembra a associação.
Em comunicado, a Quercus realça que “são muitas as causas para os problemas de saúde das plantas (ou também designados de problemas fitossanitários) desde as más práticas e uso de pesticidas, às alterações climáticas, gerando um ciclo vicioso que se retroalimenta”.
Acrescenta que os impactos “são muito consideráveis”, estimando-se por exemplo que os problemas fitossanitários causem quebras na produção agrícola em cerca de 40% em todo o mundo. “O uso de pesticidas, para supostamente responder aos problemas fitossanitários, agravam ainda mais a situação pelos seus impactos no ambiente e na saúde pública através da contaminação da cadeia alimentar, que por sua vez oneram os sistemas de saúde, em particular devido ao aumento das taxas de cancro”, prossegue a Quercus.
Os problemas fitossanitários são indicadores do desequilíbrio dos ecossistemas e deveriam ser um alerta para as verdadeiras causas dos problemas e estimular as mudanças necessárias para aumentar a resiliência do nosso património vegetal.
'Ameaças Silenciosas': o declinio do montado – A ameaça esquecida da Fitóftora (Phytophthora cinnamomi), é o tema do primeiro episódio.
O montado é o principal sistema agrosilvopastoril da Europa, abrangendo cerca de 4,5 milho~es de ha (Moreno & Pulido, 2009), dos quais mais de tre^s milho~es na Peni´nsula Ibe´rica (Diaz & Pulido, 2009).
Em Portugal, recorda a Quercus, ocupam mais de 30% da a´rea florestal de Portugal, sobretudo no Alentejo (ICNF, 2019). Deste sistema agrosilvopastoril identitário do nosso território, restam alguns (poucos) bons exemplos e uma memória do que foi uma efetiva cooperação com a Natureza.
Práticas de mobilização de solo e destruição das espécies arbustivas, sobrepastoreio e as alterações climáticas têm levado a stress intenso deste ecossistema ficando à mercê do ataque de espécies oportunistas em particular da Fitóftora (Phytophthora cinnamomi Rands) que é muito agressiva causando a podridão das raízes, considerada uma das 100 piores espe´cies invasoras, sendo o u´nico oomiceta entre os patoge´nios de plantas listados na Global Invasive Species Database (http://www.issg.org) (Lowe et al., 2000).
“As perdas traduzem-se na diminuição da densidade dos povoamentos, na ausência de regeneração, na diminuição na qualidade da cortiça, na redução da produção de bolota e consequentemente perdas na produção animal, em particular o porco de montanheira. A sua substituição do montado pela agricultura intensiva (sobretudo olival e amendoal) é outra das ameaças, que além de descaracterizar a paisagem, destroem o território, a fertilidade do solo, a qualidade da água e ameaçam a saúde pública pelo o uso intensivo de pesticidas e outras más práticas agrícolas”.
Soluções e medidas
Soluções apontadas: mitigar o problema associado à Fitóftora exige uma perspectiva integrada que resulte no aumento da qualidade e fertilidade dos solos, que se refletirá na saúde do montado.
Algumas das medidas essenciais para a Quercus são:
redução das mobilizações do solo (evitando danos nas raízes)
conservar faixas de mato
preservar galerias ripícolas
reduzir carga animal (encabeçamento)
correção mineral dos solos (cálcio, fósforo e potássio)
reflorestar com espécies saudáveis e de preferência com sementeira direta de bolotas recolhidas na região
"Incorporar conhecimento, evitar o desperdício e gerar mais valor no território", apela a associação, lembrando que "todos estes problemas identificados contribuem para um imenso desperdício em ações que contrariam a natureza e por conseguinte em nada contribuem para a solução, e esse desvio de recursos inevitavelmente tem repercussões ao nível de outras políticas para responder a situações no imediato com a Covid-19, como a necessidade de cuidados médicos e apoios sociais".
"É imperioso potenciar os recursos e a transmissão de conhecimento na formação adequada e ajustada às necessidades para a mudança de práticas e a implementação de políticas públicas coerentes, que além da poupança de recursos irá gerar mais valor no território!", remata.
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